Saúde

Vou de viagem… devo levar antibiótico? – Por Dra. Alexandra Ramos Rodrigues

Fazer a mala para ir de viagem é por si só uma tarefa por vezes difícil, especialmente por não se conseguir antecipar imprevistos.

Ficar doente quando se vai de férias é sempre algo que queremos evitar. É certo que o stress da viagem, a mudança de ambiente, a diferença no clima e na alimentação são fatores que influenciam a nossa
saúde não só física, mas também mental.

Mesmo indivíduos saudáveis deparam-se por vezes com desafios – mudança no trânsito intestinal – quer pela alimentação ou pelo
stress – dores de cabeça, pela troca de horários ou interferência no sono habitual, entre outros. Então… o que devo levar comigo para prevenir procurar os cuidados de saúde no
destino? o Paracetamol – retira as dores e baixa a temperatura; por vezes a toma de ibuprofeno ou outro anti-inflamatório poderá ser útil – no caso de ter alguma doença que interfira com a toma de anti-inflamatórios, opte pelo paracetamol também nessas ocasiões o Anti-diarreico – para utilizar excecionalmente no caso de diarreia em situações em que seja estritamente necessário e apenas quando está perante uma diarreia
aquosa, sem sangue e na ausência de febre.

Se estes últimos estiverem presentes deverá procurar ajuda médica e não parar a diarreia
o Anti-histamínico – para o caso de alguma reação alérgica.
Será que o antibiótico deve fazer parte do kit básico a levar para qualquer viagem?

A resposta é: não. A verdade é que a prescrição de antibiótico depende muito das condições que terá na sua viagem – por exemplo, no caso de ir viajar para um sítio isolado, com escassos cuidados de saúde, durante algum tempo, onde a probabilidade de ficar doente e não conseguir aceder aos cuidados de saúde seja elevada – poderá
nestes casos levar consigo um antibiótico de largo espetro de ação. Contudo, a maioria das viagens que fazemos não se enquadram nesta opção.

A verdade é que a maior parte
das dores de garganta, ouvidos, tosse ou alterações gastrointestinais são causadas por
vírus e, portanto, a toma de antibiótico nesses casos não ajudará. O famoso “antibiótico
dos 3 dias” é um dos mais prescritos em Portugal, sendo que em muitos destes casos não se adequa (não diminui sintomas nem antecipa a cura) e atualmente é um dos causadores de resistências aos antibióticos – sendo este um problema de saúde pública que nos deve preocupar a todos.

É importante também aconselhar-se em relação às vacinas a realizar consoante o país para onde se dirige, assim como a eventual necessidade de prevenção contra a
malária. Importa ressalvar também que as condições de alojamento, o nível de contacto com os locais, a alimentação preferencial e os motivos da viagem – voluntariado, lazer ou trabalho – também influenciam o aconselhamento das mesmas.

Não esquecer a aplicação de protetor solar diário e a informação sobre repelentes e outros cuidados a ter contra vetores de transmissão de doenças (ex. malária, dengue…),
nomeadamente mosquitos, são igualmente cruciais para uma viagem segura.
No caso de viajar para um país onde haja um risco mais elevado de doenças diferentes do seu país de origem – como é o caso da malária – se tiverfebre nos primeiros 6 dias no local e nos 6 meses após o seu regresso é importante procurar os cuidados de saúde, informando o médico em questão sobre a sua viagem.

Em caso de dúvidas agende atempadamente a sua consulta do viajante.

Alexandra Ramos Rodrigues
Médica Interna de Medicina Geral e Familiar
USF João Semana

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