Vítimas contam terror que viveram
Sete dos oito arguidos que começaram a ser julgados, esta quarta-feira, por alegadamente terem roubado clientes de prostitutas nos concelhos de Santa Maria da Feira e de Ovar remeteram-se ao silêncio.
O julgamento começou no Tribunal de Santa Maria da Feira, apesar da ausência de um dos arguidos, que foi condenado em multa.
Os arguidos, cinco homens e três mulheres com idades entre os 17 e os 49 anos, estão acusados de crimes de sequestro e roubo. Dois deles respondem ainda em tribunal por um crime de detenção de arma proibida.
A primeira sessão do julgamento ficou marcada pelas declarações das vítimas, que descreveram os factos criminosos ocorridos entre março e abril de 2014.
“Andei na guerra no Ultramar e não levei um susto daquela maneira. É pena isto acontecer. Caçar uma pessoa indefesa e fazer uma coisa daquelas”, disse um homem, de 73 anos, que ficou sem cerca de 600 euros.
Um outro homem também contou que viveu momentos de “medo e insegurança”, afirmando ter sido violentamente agredido com murros e pontapés e chegou a ter uma faca encostada ao pescoço.
“Percebi que eles não estavam ali para brincadeiras. Tiraram fotos aos meus documentos e disseram que se fosse fazer queixa às autoridades faziam mal aos meus familiares”, disse a vítima.
Na acusação do Ministério Público, foram identificados oito homens que terão sido atraídos pelas arguidas para a prática de atos sexuais em locais previamente selecionados onde, depois, apareciam os cúmplices que os agrediam e ameaçavam com uma arma branca, roubando-lhes dinheiro e objetos pessoais.
Os arguidos, que atuavam encapuzados, obrigavam ainda as vítimas a revelar os códigos dos cartões bancários, com os quais efetuavam levantamentos e aquisições de bens de consumo, vestuário, eletrodomésticos, material informático e outros objetos facilmente transacionáveis.
Os suspeitos, residentes em Vila Nova de Gaia, foram detidos pela Polícia Judiciária (PJ) em maio do ano passado.
Na altura da detenção, a PJ assinalou que alguns dos suspeitos têm “vastos antecedentes criminais” pela prática dos mais diversos tipos de crime, mas onde pontificam essencialmente os de sequestro, roubo, furto e lenocínio.
Após terem sido submetidos a primeiro interrogatório judicial, três dos arguidos ficaram em prisão preventiva.