“Lama até ao pescoço”: Cenário em Valência é bem pior do que se estava à espera
Há centenas de mortos e milhares de desaparecidos
A equipa de Busca e Salvamento Portuguesa que esteve em Valência já regressou ao país. Ao longo de dois dias, os 10 operacionais centraram-se, sobretudo, no resgate de pessoas desaparecidas.
No domingo, foram cumprimentados, como forma de agradecimento, pelos Reis de Espanha.
Segundo o responsável, apesar de terem chegado na sexta-feira à noite, só começaram a trabalhar na manhã de sábado por causa da falta de condições de segurança, sobretudo pelas “pilhagens e roubos que têm existido”.
Há locais onde não conseguem sequer colocar os cães de busca e salvamento porque a lama tem mais de um metro de altura e o animal “fica logo atolado”.
Equipa portuguesa encontrou duas vítimas
O comandante adiantou que até agora encontraram duas vítimas, graças aos cães de busca de salvamento, estando agora a “visualizar outras zonas onde poderão existir vitimas para fazer busca, quer apeada, quer cinotécnica”.
As operações estão a ser dirigidas pelo centro de emergência local, com os bombeiros e a Proteção Civil, que definem os locais para onde as várias equipas, incluindo a portuguesa, se devem dirigir.
Logo de manhã cedo é feito um ponto de situação e distribuídas as equipas pelos cenários, digamos assim, com cães, e abrir acesso caso seja necessário. Também estamos em prevenção, caso seja necessária a ajuda pré-hospitalar”, explicou.
Acrescentou que a equipa tem “uma viatura só para se deslocar onde for necessário”, havendo também um desfibrilhador automático externo, podendo, por isso, prestar os primeiros socorros, caso seja necessário.
Pedro Batista adiantou que a missão da equipa portuguesa é de três dias, mas afirmou que todos estão disponíveis para ficar por mais tempo, caso venha a ser necessário, o que, para já, ainda não sabe.
Esta missão implicou também custos para a associação de busca e salvamento que tem sede na Vila das Aves. “As pessoas pensam que nós vamos e que é o país que paga”. “Não, nós fomos com autonomia completa para 72 horas, não pedimos alimentação a ninguém, nem combustível, nada”. “Os gastos são enormes, em combustível gastámos 1300 euros, fora alimentação e material que se estragou”. E quem puder ajudar poderá fazê-lo através dos seguintes meios: NIB 0007 0000 0046 9964 3222 3 – IBAN PT50 0007 0000 0046 9964 3222 3 – MBWAY 938 185 935. “Passamos recibos de donativos sem problema nenhum”, refere Pedro Baptista.
Antes da chegada ao nosso país, Pedro Baptista conta que o briefing das autoridades apontava para a existência de 1900 desaparecidos. Neste momento, “é quase impossível encontrar alguém com vida, embora haja milagres, eu já vi alguns, mas foram muito poucos”, finaliza o comandante da Associação Portuguesa de Busca e Salvamento, que já esteve noutros cenários difíceis em missão, nomeadamente aquando do sismo na Turquia em 2023, e que afetou também a Síria, e que fez cerca de 60 mil vítimas mortais. “Esse foi o pior cenário onde eu estive”, admite Pedro Baptista.