Uma cidade a caminho do sucesso
Uma cidade não se faz pelas suas infra-estruturas, pelos seus governantes, pela sua beleza natural ou pelos seus acessos, faz-se pelas suas gentes.
Esta é uma ideia que defendo aguerridamente e já tenho tido possibilidade de aqui referir, uma cidade não se promove somente pelo que tem estruturalmente para oferecer, o factor pessoas é sempre o essencial. De que vale ter belíssimos restaurantes se os habitantes não forem hospitaleiros? De que vale ter bons acessos se os visitantes ao chegarem encararem com pessoas arrogantes e distantes? De que vale ter excelentes governantes se formos uma população apática, circunspecta à sua vidinha?
Fazendo todas estas perguntas, fico ciente do modo como estamos no caminho certo para sermos uma grande cidade. Não falo de aumentar o território além de Válega ou para lá de Esmoriz, falo de sermos uma cidade sólida e, acima de tudo, consolidada. A governação, no meu entender, tem apresentado uma aproximação às pessoas que é de salutar, sem deixar de olhar pelos interesses delas, por já ter conquistado essa simpatia generalizada. O cordão humano deste fim-de-semana, com cobertura televisiva, foi de uma importância que não deve ser ignorada. Não só pela presença do Presidente, pelas suas declarações, mas, essencialmente, pela união das gentes por uma causa que a todos nos afecta, seja de forma directa ou indirecta. O Movimento Salvar o Furadouro é um rosto da clarividência da nossa população, da noção de deveres cívicos e da importância da união para alcançar fins comuns.
Na minha opinião, consumada pela importância que cada um lhe quiser dar, dos maiores problemas da nossa sociedade passa pelo isolamento de interesses, em que se coloca, sobremaneira, as relevâncias pessoais à frente dos da população, que, verdade se diga, acabariam por contribuir para uma satisfação pessoal também. A união e companheirismo de outros tempos, penso que estão a deteriorar-se pelas mãos destas políticas de apelo à ganância. As pessoas tornam-se mais isoladas pela incapacidade financeira de alimentar as suas vidas sociais, tornam-se mais gananciosas pela incapacidade de poderem gerar receitas, tornam-se mais cinzentas pelas constantes dificuldades, mais fechadas pelas constantes alterações das verdades difundidas que apelam à desconfiança e tudo isso contribui para essa incapacidade de olhar aos bens comuns como o caminho primordial da felicidade.
Por tudo isto, perceber uma cidade que se une por uma causa tão nobre como a defesa da costa, a defesa das nossas gentes do mar e dos comerciantes e habitantes da primeira linha da praia, faz-me pensar que continuamos, muito serenos e cautelosos, a caminhar para uma jornada que poderá ser de muito sucesso para nós. E sucesso é uma sensação de realização, de participação e de felicidade. O sucesso somos nós.
Ricardo Alves Lopes (Ral)
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