Um Vareiro em Pequim… a ver o Portugal-Marrocos!
Quarta-feira, 20 de Junho de 2018, um dia de trabalho como qualquer outro, apesar do excepcional dia de Sol com os níveis de poluição reduzidos a uns moderados 96 e os 30º graus que se fazem sentir.
Seria um dia de trabalho como qualquer outro, acordar às 07h30 da manhã, sair de casa a correr para o trabalho, lutar por um lugar no autocarro, o pára-arranca da hora de ponta em Pequim, comprar o pequeno-almoço, à pressa, entrar no congestionado trabalho, tirar um café expresso aguado grátis na empresa e começar a rotina citadina.
Seria um dia de trabalho, sair às 18h, ir para casa, encomendar comida, cozinhar um simplesmente ir jantar com alguém, não fosse o facto de para os ocidentais haver um grande evento que move nações e corações: o Mundial de Futebol de2018.
Assim, durante o ainda longo dia de trabalho, os tugas da capital chinesa discutem num grupo virtual o local onde se vai ver a equipa das Quinas jogar… Calhou-nos a sorte grande no horário: com a diferença horária, o jogo calha às 20 da noite, bem a tempo de jantar e beber uma jolas fresquinha, podendo regressar a casa tranquilo antes de despertar para mais um dia de trabalho.
São sete da tarde, o lugar está marcado, tempo de sair a correr à pressa, apanhar o hiper congestionado metro de Pequim rumo ao bairro de Sanlitun para ver a nossa selecção jogar.
Sou o primeiro a chegar, sento-me estrategicamente no melhor lugar de frente para o ecrão enquanto folheio o menu. É quarta-feira, dia dos nachos em promoção. Peço um mais uma cerveja golden ale americana da Goose.
Entretanto, começam a chegar os companheiros para ver o jogo, não são todos portugueses, há uns meios árabes amigos de amigos que também se juntam para apoiar a nossa selecção.
O jogo começa, não dá cinco minutos quando se faz uma festa com o golaço do nosso Ronaldo. Ri-me à gargalhada e dei um murro na mesa, pensei que fosse o início de uma goleada, mas estaria enganado. Na verdade, durante o resto do jogo, eu e os meus amigos passamos o tempo a gritar asneiras, dar murros na mesa, impacientes, a dizer às pessoas para sair da frente do ecrã.
Foi um jogo tenso, uma vitória sofrida até ao fim. Tinha-nos sabido melhor o empate contra a Espanha.
Reparei nos chineses que estavam nas outras mesas e prestavam especial atenção quando era a nossa equipa a atirar a baliza. Fiquei contente de saber que pelo menos naquele jogo nos tinham como favoritos em vez de Marrocos.
Quando o jogo acabou não houve grandes euforias. Cantamos “Portugal allez”, mas não foi uma festa com eco, foi uma vitória sofrida, num jogo em que tínhamos o meio campo mal organizado e em que nos assustámos várias vezes com Marrocos.
Hoje, segunda-feira, joga Portugal outra vez. Melhor, terça-feira às duas da madrugada de cá, sendo que é durante semana de trabalho. Que estratégia adoptar? Chegar a casa dormir, acordar à meia-noite e meia, ver o jogo, ir dormir e acordar para ir trabalhar? Ir directo ver o jogo, chegar a casa às quatro, dormir quatro horas e ir trabalhar? Ir de directa? Só a vontade durante o dia de hoje dirá!
Rosendo Costa