Serviço Militar Obrigatório? – Por Fernando Pereira Pinheiro
De quando em vez, perante a falta de militares que, efetivamente, servem as Forças Armadas Portuguesas, lá temos os Senhores do poder castrense e conhecedores do assunto, a sustentar as suas teses no sentido da eventual reintrodução do Serviço Militar Obrigatório (SMO).
Servi, tal como milhares e milhares de portugueses, o Exército Português; entre Portugal Continental e, a então colónia portuguesa de Angola, servi o Exército Português durante cerca de 44 meses.
Já se passaram – na data da ocorrência do 25 de abril de 1974, estava em Angola -, 50 anos; no entanto, apesar do tempo já decorrido, ainda me lembro do que passei e passamos todos os portugueses que serviram Portugal e os seus Ramos das Forças Armadas (Exército, Marinha e Força Aérea); como dizíamos entre nós, eramos “voluntários forçados”.
Por mais que uma vez, este ano, li no Diário da República a confirmação, por parte do Senhor Presidente da República, de promoções de alguns Senhores Oficiais Generais, em patentes (era assim por que eram conhecidas no meu tempo) superioras.
Desconheço qual é o número e respetivos postos (praças, sargentes, oficiais e oficiais-generais) que servem as Forças Armadas Portuguesas, assim como desconheço os vencimentos que auferem; se estão bem ou mal pagos, em suma. A falta de militares não terá a ver com as remunerações que auferem?
A menos que as coisas se tivessem modificado muito, tínhamos, no meu tempo da ida à inspeção militar e, posteriormente, na incorporação, que havia portugueses de primeira, de segunda, etc.
Com efeito, quem não fosse de descendência abastada economicamente e/ou não tivesse acesso a uma qualquer interferência (cunha em português e “pistolão” em brasileiro) o seu destino era seguro e certo ir “bater com o costado” em um qualquer quartel em Portugal; aos pobres, em geral, estavam-lhes destinadas as especialidades várias em “atiruenses” (amanuenses das diversas armas) e aos “cunhados”, de preferência, ficar em casa (incapazes para o serviço militar) ou as especialidades mais caseiras.
Se, porventura, o SMO vier a ser implementado, ele será, seguro e certo, para os pobres, já que os “cunhados” dele se safarão.
Fernando Pereira Pinheiro