Covid-19Opinião

Santa Casa da Misericórdia de Ovar – a Mudança?

Foi com agrado que, nesta última semana, fomos sabendo que algo já mudou e está a mudar na Misericórdia de Ovar. Mais comunicativa com os familiares, novas promessas de tecnologias que permitem o contacto dos familiares, via internet, com os utentes, e principalmente, a mudança dos doentes infectados para o edificio principal, que já começou.

Não se compreendia bem a razão porque continuavam os doentes no centro de dia uma vez que o edificio principal, desinfetado há tanto tempo, teria talvez condições para os acolher mais cedo, tendo por base a existência do eventual plano de contingência a decorrer na instituição. Assim, estiveram os doentes Covid mais de um mês, deitados em camas emprestadas/ cedidas, por iniciativa do gabinete de crise, sem as mínimas condições para pessoas com estas idades, exigindo da parte de quem deles cuidou um esforço bem acrescido. Vamos ver se não haverá outras mazelas a reportar devido a estas condições.

Há dificuldade em enquadrar esta situação vivida, pois parece que falta de dinheiro para criar boas condições e dignas, e de imediato face à situação, não faltaria, dado o elevadíssimo preço das mensalidades que cobram às quais acrescem os subsídios da Segurança Social que por cada utente auferem, ainda sobrando dinheiro para a instituição se dedicar à construção de imóveis, para além dos que já possui….

Não sabemos se as pessoas atualmente designadas para os Corpos Sociais se sentem confortáveis com situações deste tipo, pois estas mesmas situações não vão ao encontro do que está escrito na Missão, Valores e Visão da Instituição. Refere esta última: “Ser uma instituição de referência e excelência, no desenvolvimento de respostas sociais inovadoras, e na prestação de serviços de qualidade, orientada para uma sociedade plural, consolidando as respostas sociais e actuando de uma forma pró-ativa face às necessidades emergentes da comunidade”.

Isto não deve ser deturpado e os recursos devem aplicar-se para cumprir com honra e compromisso o desenvolvimento da atividade para a qual a instituição existe, em vez de aplicados em investimento Imobiliário. Tudo tem a sua época e todos são possíveis desde que não se perca o foco, sob risco de não se cumprir com aquilo que somos ou que dizemos ser.

Quem, muito honrosamente, foi nomeado para os diversos orgãos dos Corpos Sociais, deve ter papel ativo no que está citado, e controlar de forma efetiva a atividade e PRIORIDADES da instituição.

Lamentavelmente, a Segurança Social não mantém um quadro de pessoal efetivo nas instituições deste tipo, o que é uma pena porque seria para o utente mais uma garantia de bom serviço, e também defesa dos interesses de todos que para ela contribuem.

O caminho faz-se caminhando e a diferença entre “instituição grande” e “grande instituição” está mesmo à frente de todos e bem ao alcance de se conseguir; basta por os olhos e ter a humildade suficiente para aprender com instituições equivalentes do nosso concelho que foram super eficientes no cumprimento dos seus planos de contingência, (também provavelmente como consequência de cumprirem a 100% as indicações das entidades de saúde), em vez de entrar em discursos contrários e alarmistas, tentando fazer crer que os mesmos organismos de saúde são ineficientes ou desorganizados.

E a possibilidade de a Nossa Santa Casa ter um serviço médico a tempo inteiro, pago por todos nós e sem sobrecarregar a instituição, foi real mas, desaproveitado, vai-se lá saber porquê! Lamentável para quem deles necessita!

Nos nossos dias, a competitividade obriga a constante monitorização dos objetivos, resultados e eficiência de todas as entidades e, quando os resultados não são positivos, mudam-se os gestores, para bem das referidas entidades. Vão os gestores, mas as entidades ficam. E terá de continuar a ser assim, cada vez mais e de forma mais evidente, pois o objectivo de ser uma instituiçao de “referência e excelência” assim o exige. Só assim poderão ser acrescentados mais 100 anos aos mais de 100 já decorridos desde a sua fundação.

Leitor devidamente identificado
*escreve ao abrigo do novo acordo

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