ComunidadesPrimeira Vista

Rui Reis, o turista de luxo que pensa em voltar

Para uns são destinos paradisíacos, onde vão de férias ou de lua-de-mel. Para Rui Reis foram destinos de trabalho, em algumas das mais desejas unidades hoteleiras do mundo.

Cidade do México, Cancún ou Polinésia Francesa foram alguns dos vários sítios por onde Rui Reis passou.

Em entrevista à Revista de Vinhos deste mês, revela que “está a preparar um regresso definitivo a Portugal, a partir da Flórida, onde tem atualmente base, após uma carreira ao mais alto nível”.

“Faço 60 anos este ano. A história já começa a ser longa [risos]. Nasci em Setúbal, um pouco por acidente. Vivi lá até aos cinco anos. Os meus pais são de Castelo Branco e as minhas raízes estão divididas entre a Beira Baixa e Setúbal e toda aquela zona do Sado, Arrábida, Tróia. A minha geração, dos anos 60, tem memórias destes locais muito diferentes da realidade atual. Alguns sítios mudaram de forma abismal. Acho que a minha geração viveu as maiores mudanças. Depois de Setúbal, veio o capítulo Ovar porque o meu pai começou a trabalhar na Toyota que tinha aberto uma fábrica em 1971”.

Aqui fez o ensino e os anos de curso na Escola de Hotelaria e Turismo, no Porto.

Estava aberto o percurso que o levou a viver nos mais paradisíacos locais do Mundo. Los Cabos e Cancun, no México, Bora Bora, Moorea e Tahiti, na Polinésia Francesa, entre outros. “Não foi nada planeado. As coisas foram acontecendo umas atrás das outras…”.

Certo é que sempre quis trabalhar em hotéis fora de Portugal e conhecer a hotelaria mundial.  “Sempre tive o sonho de conhecer lugares exóticos”, recorda o vareiro nascido em Setúbal, que chegou a ser director-geral do Hotel St. Regis, na Cidade do México.

Enquanto dava os primeiros passos na vida profissional, o desejo ficou adormecido. Até que começaram a “acontecer” as tais coisas que o levaram a cruzar fronteiras. Trabalhava no Sheraton Porto, desde 1989, quando a cadeia foi comprada pelo grupo Starwood, um pequeno grande detalhe, decisivo no início da internacionalização de Rui Reis.

Foi para o Rio de Janeiro, num ano de má memória para quem passou por lá: 1993. Rui Reis recorda o Massacre da Candelária, a violência sobre os clientes do hotel onde trabalhava. Não deixou saudades. “Foi um choque, passar do Porto para o Rio de Janeiro”. Seguiu-se a Cidade do México. Seduziu-o a diversidade e a espectacular dimensão da cidade. Tanto que acabou por voltar para lá, para inaugurar, em Maio de 2007, o St. Regis Mexico City, um hotel de luxo cujos mínimos detalhes ultimou.

O sonho dos tempos da Escola de Hotelaria talvez se tenha concretizado nas paragens seguintes: Los Cabos, Cancun e Polinésia Francesa, onde esteve sempre na direcção de hotéis de luxo. Para os filhos, pequenos nessa altura, os hotéis de luxo, com paisagens paradisíacas, encaixam no que para eles é a normalidade.

 

“Eles já não acreditam que esta não é uma vida normal”, explica Rui Reis. Não se cansou de lhes repetir: “Não somos ricos, vivemos é como ricos”.

A Portugal volta a cada ano, para visitar a família e matar saudades. Ainda este ano esteve com família e amigos a viver o Carnaval em Ovar.

Percorre o país de lés a lés, como se habituou a fazer em paragens mais distantes. Do outro lado do Mundo, também arranja forma de enganar a falta que sente do país que deixou aos 29 anos e onde espera voltar um dia destes.

 

 

Publicidade
Botão Voltar ao Topo