Opinião

Responder a Luís de Camões (I) – Por Diogo Sousa

Luís de Camões é imprescindível quando se pensa na literatura lusófona e em Portugal, pelo que é um dos autores estudados na escolaridade obrigatória. Nos seus poemas aborda, várias vezes, o tema do amor.

A partir de um dos seus célebres sonetos – “se o amor causa tantos problemas às pessoas, porque é que se apaixonam?” – pretendemos pensar sobre a ideia do que será de facto o amor.

Na minha opinião, o amor é um sentimento com significado para a pessoa que o sente e para quem o vai receber. É o resultado da demonstração de carinho e afeto entre duas pessoas que sentem verdadeiramente uma amizade entre si e desenvolvem uma ligação afetuosa que faz com que a presença do outro seja imprescindível na sua vida.

Recorrendo a uma expressão estrangeira: “mirada, sonrisa y silêncio bastan para explicar el amor”, o amor tem essa característica de ser inexplicável, de não ter fundamento ou base na razão, de transcender um pensamento, a racionalidade, em prol de um sentimento, do coração.

O amor faz descurar a nossa atitude, o nosso comportamento. Torna a pessoa num ser estúpido que olha, sorri e dá a entender o que sente pelo outro. Por isso, quando olhamos hoje para nós, para a sociedade, temos de pensar naqueles que nos rodeiam e dizer na nossa interioridade, quem me está a iluminar? Quem me faz sentir uma sensação de alegria incontrolável? Quem me faz sorrir apenas com o seu olhar?

Voltando ao soneto de Camões, este amor causa problemas, contudo estes são os bons problemas da vida, as decisões que tomamos a pensar em nós, mas principalmente em quem nos acompanha. E esta expressão de Camões, leva-me sempre ao ponto de partida, ao momento em que dizemos pela primeira vez que prometemos amor, que prometemos ser a alegria do outro, que prometemos acompanhar e apoiar, no bom e no pior de si e da sua vida.

Lembra-me uma cerimónia de casamento, um compromisso que deveria ser infindável, um sentimento que justificaria a manutenção do nós para um todo sempre que, ainda com obstáculos, será maioritariamente bom, bom por estares presente, bom por teres a companhia daquele que contigo sente o tal de amor.

Concluindo, por um lado, olhemos para nós e para quem nos acompanha, olhemos para os que nos rodeiam, mesmo aqueles que consideramos apenas amigos, e pensemos, estarei eu com o meu verdadeiro amor?

Por outro lado, olhemos para os mais jovens e para o sofrimento que sentem por um tal de amor, e expliquemos que esse pode não ser o verdadeiro amor. Expliquemos, também, na escola e nas obras de língua portuguesa, tal como Camões pretendeu, o que será de facto o amor?

Diogo Fernandes Sousa

Professor do Ensino Básico e Secundário

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