Quem és tu, Maria Crista, Varina de Ovar?
A estatueta “A Varina”, que se encontrava no topo da antiga fábrica de conservas, no Largo S. Sebastião, hoje Largo Almeida Garrett, fabricada por A. Costa & C.ª, Fábrica das Devesas, Vila Nova de Gaia (finais do séc. XIX e meados do séc. XX) está em exposição no Furadouro numa das suas raras saídas do Museu de Ovar.
A modelo desta peça foi Maria Crista, mulher humilde de Ovar, carreteira de várias firmas, entre as quais a do chapeleiro Oliveira, da Rua Elias Garcia, que levava à cabeça os eletrodomésticos ali comprados, incluindo máquinas de costura.
Maria Crista foi uma bela figura e bonito exemplo da mulher de Ovar, bem representativa da “Varina” que, como refere a folha de sala, “sempre se fez distinguir nos lugares por onde passou ou para onde migrou pela altivez do seu porte e pelo seu andar corrido e maneado: o seu trajar sublinhava a sua pose orgulhosa e forte.”
Bela mulher que se confunde com a mulher portuguesa, nos postais de Lisboa, na sua azafama de venda de peixe, com os filhos pequenos ao colo. “(…)descalças, de canastra equilibrada à cabeça, quase sem botar-lhe a mão, seguindo até onde possamos chegar a pé, de comboio ou na camioneta da carreira, para a venda porta-a-porta ou em lugares fixos, na praça. Léguas palmilhadas, regresso. Esperam-nos a lida da casa, o cuidar dos filhos, o querer do homem.”
Atualmente, “Maria Crista” está ao cuidado do Museu de Ovar e da sua única técnica que se mantém ao serviço que, mesmo com ordenados em atraso, trata da nossa “Varina” com o desvelo que ela merece. Contactado pelo OvarNews, o presidente da direção do Museu de Ovar não comentou a situação que já deixou a instituição de fora de apoios vários.