Quando devo tomar “protetores de estômago”? Por Dra. Alexandra Ramos Rodrigues
Os Inibidores da Bomba de Protões (IBPs), vulgarmente conhecidos como
“protetores de estômago” (omeprazol, esomeprazol, pantoprazol, lansoprazol e
rabeprazol) são medicamentos muito utilizados para sintomas como a azia ou as
dores de estômago.
Estes fármacos, para além do seu benefício conhecido, através da redução
de produção de ácido no estômago, têm também riscos associados ao seu uso
prolongado e/ou em doses altas.
Serve este artigo para, por um lado, esquematizar as situações nas quais estes
medicamentos podem ser utilizados e, por outro lado, revelar situações perante as
quais não se deve recorrer aos mesmos, sem indicação médica.
O objetivo é sempre usar a dose mais baixa que proporcione alívio adequado
dos sintomas e apenas durante o tempo necessário.
1. Indicações para o uso de IBPs:
▪ A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) que causa sintomas muito
comuns, como a azia. Quando esta doença está presente com alguma
gravidade, os IBPs podem ser utilizados, reduzindo os sintomas associados
▪ Úlceras Gástricas e Duodenais: os IBPs ajudam a tratar e cicatrizar estas
lesões. Doses iniciais mais altas podem ser necessárias, com avaliação
posterior da possibilidade de redução
▪ Tratamento de Esófago de Barrett: à semelhança do caso anterior, esta
condição requer o uso de mais prolongado de IBPs
▪ Toma contínua de medicamentos anti-inflamatórios: em alguns casos
poderá ser útil a associação de um IBP juntamente com o anti-inflamatório
oral, para prevenção de consequências gástricas
▪ Síndrome de Zollinger-Ellison: é uma condição rara em que há produção
excessiva de ácido gástrico, exigindo o uso contínuo e frequente de doses
elevadas de IBPs
Situações nas quais não deve tomar IBPs:
▪ Sintomas de azia esporádica – nestes casos deve optar-se por outros
medicamentos, como antiácidos (por exemplo, sucralfato ou famotidina),
pois atuam mais rápido e têm menos riscos a longo prazo
▪ Uso Prolongado sem indicação médica – o uso contínuo de IBPs sem
indicação médica aumenta o risco de efeitos adversos, como deficiência de
vitamina B12, perda de minerais essenciais (cálcio e magnésio), com
consequente aumento do risco de fraturas ósseas e infeções
gastrointestinais
▪ Uso profilático – em situações nas quais se prevê que venha a ter um
desconforto após a refeição, por exemplo. É importante ter em conta que o
essencial são as medidas de estilo de vida saudável, como fazer refeições
menos abundantes; reduzir alimentos gordurosos, álcool, café, bebidas
gaseificadas e tabaco.
A descontinuação de IBPs deve ser gradual para evitar o ressurgimento de
sintomas após a sua suspensão. É importante aconselhar-se sempre com o seu
médico.
Portanto, os IBPs desempenham um papel crucial no tratamento de condições
gastrointestinais quando usados corretamente e na dose mínima eficaz. No
entanto, o seu uso excessivo ou inadequado pode trazer riscos à sua saúde.
Consulte sempre um profissional de saúde antes de iniciar ou interromper o
tratamento com IBPs.
Alexandra Ramos Rodrigues
– USF João Semana Ovar