Precisamos de uma Europa atenta, preocupada e consciente do seu dever e papel na resolução dos problemas globais
No início deste Ano Europeu para o Desenvolvimento, ao lembrarmos as palavras de Sophia de Mello Breyner Andresen e de Agustina Bessa-Luís, perguntávamos “Que Europa e que Mundo temos?”, “Que Europa e que Mundo ambicionamos?”. Tínhamos então a expectativa e ambição de que este Ano Europeu, a decorrer em simultâneo em 28 países, com todos os seus objetivos, mensagens, iniciativas e parcerias, contribuísse para informar e sensibilizar os cidadãos relativamente às questões do desenvolvimento global, promovendo o debate público e levando a uma reflexão conjunta que incentivasse a participação direta.
Na prossecução dos objetivos delineados realizaram-se inúmeras atividades, difundiram-se as mensagens por diferentes canais, desenvolveram-se e consolidaram-se múltiplas parcerias, sempre com a certeza de que este era um Ano Europeu de todos e de cada um de nós. Foi um Ano assente em parcerias, onde duas centenas de organizações trabalharam juntas para cumprir os objetivos do Programa de Trabalho Nacional, a debater, a informar, a sensibilizar e refletir sobre os temas do desenvolvimento.
Temas tão distintos como a água, a saúde ou a segurança alimentar; a educação; a igualdade de género e as liberdades políticas; ou ainda o crescimento económico; o desenvolvimento sustentável e as migrações. Todos temas relevantes e atuais, que contribuíram para que hoje acreditemos que o objetivo de promover o interesse, a participação, o pensamento crítico, informando e sensibilizando os cidadãos relativamente às politicas do desenvolvimento, tenha sido alcançado.
Podemos ver que as questões do desenvolvimento estiveram mais presentes nos meios de comunicação social e que se considera ter havido uma maior sensibilização das pessoas. Que, nas redes sociais, algumas das nossas publicações alcançaram mais de 100 000 pessoas, com centenas de comentários e partilhas. Nunca, como agora, os temas do desenvolvimento foram tão debatidos e despertaram tanto o interesse nos cidadãos europeus.
Ao respondermos às nossas interrogações do início do Ano, temos que acreditar que precisamos de uma Europa atenta ao Mundo que a rodeia, uma Europa preocupada com os seus problemas locais (internos), mas também consciente do seu dever e papel na resolução dos problemas globais.
Uma Europa que, com base na nova Agenda do Desenvolvimento, defina o Desenvolvimento Global como um objetivo partilhado por todos, passando por uma atuação interligada das dimensões económica, social e ambiental, a par com uma abordagem politica e de Direitos Humanos.
Importa relembrar as palavras do Dr. Jorge Sampaio na sessão de abertura do Ano Europeu, «a cooperação não é uma questão de solidariedade mas de responsabilidade». A Europa do Ano Europeu para o Desenvolvimento, onde cada um de nós é um agente de transformação, um agente do desenvolvimento, na consolidação do sentimento de responsabilidade, de solidariedade, da oportunidade para em conjunto, em parceria trabalharmos para o “O nosso mundo, a nossa dignidade, o nosso futuro”.
*Ana Paula Laborinho
presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua
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