Posiciono-me como optimista – Ricardo Alves Lopes
Hoje, se assim me permitirem, vou fugir um pouco à cidade, nunca a esquecendo, para me focar um pouco na sorte que tenho. Prometo não tombar em exacerbados sentimentalismos, mas é algo que necessito mesmo partilhar.
Sou feliz com a pessoa que sou. Mudava muitas coisas em mim, disso espero que ninguém duvide, mas jamais isso poderia fazer com que quisesse ser outra pessoa. Gosto de ser a pessoa que sou por uma simples razão: essa pessoa que sou tem-me dado oportunidade de chegar a outras pessoas.
Poderá parecer um pouco confusa a afirmação acima, mas não o é. É bem simples. Desde que me comecei a aventurar um pouco mais nestas lides de demonstrar a minha opinião, tenho conseguido alinhar as coisas de forma a poder participar, ou ajudar, em projectos que muito me têm dito e dado. Isso, por si só, deixar-me-ia feliz, mas o que refiro é muito mais amplo. Têm sido as pessoas que tenho encontrado nesse caminho, nesses projectos, que muito me têm fascinado.
Tantas vezes, vivemos as nossas vidas enclausurados no quotidiano e olhamos as pessoas que nos circundam de forma errada, apenas lhes vendo o que a nossa disposição, ou ocasião, permite. São como monumentos que não apreciamos, que pertencem ao dia-a-dia e por isso perdem o seu encanto.
São mais um, ao fim ao cabo. Mas, depois, com esta felicidade que tenho dito, surge-me a oportunidade de me aproximar dessas pessoas noutro contexto, mais profissional, mas também a alimentar a parte pessoal. E aqui chegamos ao fulcral da questão: Ovar, a nossa cidade, tem tantas coisas más, tem tantas pessoas pessimistas, tem tantos arcaísmos na maneira de olhar o ‘mundo’, mas também tem gente tão incrível, tão empreendedora, tão visionária, tão dotada de mil e um atributos.
Portanto, todo este meu texto é um agradecimento.
A mim, por não ter caído no erro de temer enfrentar coisas que nem sempre estou certo se estarei à altura; e aos outros, aos tantos com que tenho a felicidade de me ir cruzando ao longo destes meses, ou anos, pelas pessoas incríveis que são.
Poderia enumerar nomes, naturalmente, mas isso seria assumir o risco de esquecer alguém, ou melindrar outros, e não é nada disso que desejo. O que desejo é elogiar as gentes que fazem Ovar, não sei se na generalidade ou na minoria, mas que também fazem a minha vida e me têm ajudado tanto a crescer como pessoa e como profissional. Aprendo com o carpinteiro, com o homem da restauração ou com o designer. E isso é que me deixa feliz. A multiculturalidade de Ovar. Sim, multiculturalidade, porque cultura não é só música, pintura, literatura ou teatro, é tudo quanto nos enriqueça enquanto pessoas e cidade. E é aí que estamos muito bem.
Assim, termino o meu texto a referir que não quero fazer nenhum elogio a mim, quero fazê-lo, sim, a vocês. Pela oportunidade que me dão de estar aqui, de fazer as coisas que gosto e de ainda vos ir conhecendo. Posso estudar mil livros, ler mil obras, caminhar por mil projectos, que sem vos conhecer serei sempre mais pobre. Ovar é cheio de gente boa. E isso é que nos faz felizes e motivados.
Eu estou motivado e por isso quis encher-vos de miminhos, ou bajulações, ou o que quiserem chamar. Só nunca me peçam para olhar sempre para o cinzento. No marketing, diz-se que o segredo é o posicionamento e a diferenciação. Pois, então, eu posiciono-me como um optimista, que vê na chuva a antecipação do sol, e diferencio-me pela certeza que devo elogiar.
E agora explico o motivo que me levou a escrever este texto tão centrado em mim e tudo o que este espaço (Ovarnews) me tem proporcionado: este pedacinho de papel virtual que acabaram de ler, em forma de texto organizado, é o meu artigo número 100 para o Ovarnews. Só posso estar feliz e só vos posso agradecer esta felicidade. Sem vocês, não existiria texto nenhum; com vocês, já existiram 100 textos.
Obrigado!
Ricardo Alves Lopes (Ral)
www.ricardoalopes.com
http://tempestadideias.wordpress.com