Pindéricus: Os mortos tiveram que se levantar
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Exatamente 52 anos após a sua fundação, os Pindéricus alcançaram a primeira vitória na categoria Carnavalesco, em Ovar.
Não que já não tivessem merecido o título um bom par de vezes antes… No fundo, eles sabiam que só uma ideia fora de série, arrasadora, poderia quebrar o enguiço. E foi isso que aconteceu em 2024.
“Foi o Mendes Alves que deu a ideia inicial e fez a coreografia”, contou ao OvarNews o José António Rodrigues, um dos responsáveis do grupo. A maquete, no entanto, já tinha sido apresentada há uns anos, mas veio o Covid19 e teve de ficar numa gaveta fechada a sete chaves.
A espera amadureceu ideias e, para o desfile de 2024, “introduzimos pequenas alterações de melhoria durante a execução”.
José António admite que “tínhamos consciência que era maquete para os três primeiros lugares e trabalhamos para isso”.
A reação do público mostrou que tudo era possível”. “Esta vitória foi uma alegria e um orgulho enormes, algo que já andávamos a perseguir há muito tempo”. “Obrigado a todos!”
Foi em 1972 que surgiram oficialmente os Pindéricus, depois de em 1971 terem desfilado nas ruas de Ovar como grupo infantil, os
“Putodéricus”.
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Artur Coelho, histórico elemento dos Pindéricos (já retirado das
lides), contou ao “Foi Assim”, que entrou nos Pindéricus nessa altura. “Eram todos amigos da minha turma: O Fred, Pedro Braga da Cruz, Jorge Borges, o Miguel, Rui Catalão, e vários da equipa de Hoquei em Patins, etc.”.
Os putos cresceram e, já como grupo sénior, Artur Coelho entra
nos Pindéricus. “Quando tive idade e tive autorização de passar
para o grupo adulto”. Aliás, frisa, “os Pindéricus foram o primeiro
grupo a passar de grupo infantil e grupo sénior”.
Corria o ano de 1974. Depois de contactados pelos capitães
de Abril, participaram na Revolução dos Cravos, em troca de porco assado e vinho tinto, na altura, pensando tratar-se de uma partida de Carnaval. Deu no que deu e em 1975 não houve carnaval.
Adiante. Os Pindéricus ajudaram os
loucos anos 1980 e parte de 1990
do Carnaval de Ovar a cimentar
o prestígio e a lançar as sementes
de uma festa que hoje é a mais
importante do concelho e uma das
maiores do país no género.
Artur Coelho recorda esses tempos
com saudade, descrevendo como
“rasgadinhos” os rituais de iniciação para os ‘caloiros’ e os jantares de grupo, por alturas do Carnaval.
“Era tudo vivido intensamente
naquele tempo e chegamos a uma
altura em que tínhamos de ir marcar jantares para Válega e Avanca, porque em Ovar e no Furadouro já não havia restaurante que nos aceitasse”, recorda.
Os Pindéricus ganharam um Carnaval aos 52 anos e até os mortos se levantaram para celebrar. Parabéns!