PCP denuncia estado de degradação de monumento à Arte Xávega no Furadouro
O PCP critica o estado a que chegou “o monumento à Arte Xávega, erigido na rotunda norte da praia do Furadouro e constituído pelo barco da companha Senhora da Graça”, que se encontra “em elevado estado de degradação, sendo esta condição da responsabilidade da Câmara Municipal de Ovar, já que é proprietária desta embarcação, construída em 1981”.
O PCP reconhece a “relevância patrimonial da Arte Xávega, a sua força singular como marca identitária da costa portuguesa e do povo ovarense, a sua profunda raiz na tradição e na história cultural de Portugal, a sua importância como fonte de interacção cultural entre povos e comunidades, motivo de satisfação e orgulho para todos os ovarenses”.
Por isso, a Comissão Concelhia de Ovar do PCP diz não poder “ficar indiferente a testemunhos que referem que a Arte Xávega se vai perdendo e descaracterizando no tempo, face a tanta indiferença das entidades competentes para com este património cultural e humano”.
Através do arrais desta companha, o PCP apurou que para garantir a boa conservação destes barcos devem-se fazer inspecções muito frequentes e executar trabalhos de conservação, e não efectuar intervenções correctivas muito espaçadas no tempo como tem sido o procedimento habitual. Por esta razão, “e apesar de alguns trabalhos de restauro, o Senhora da Graça tem-se degradado ano após ano, a ponto de eventualmente se ter atingido o ponto de não retorno. Além do nível de deterioração do barco também se perdeu a placa alusiva à relação desta embarcação com a família Maganinho”.
Constatando o valor patrimonial desta embarcação e sabendo que se encontra num ponto de grande visibilidade do Furadouro, o PCP, através do seu deputado municipal, Miguel Jeri, já questionou a proprietária deste barco, a Câmara Municipal de Ovar, por que motivo ainda não foram efectuados trabalhos de conservação. Sendo plausível que o nível de deterioração do Senhora da Graça possa não permitir a sua recuperação, o PCP quer ainda saber o que pensa fazer a Câmara Municipal Ovar relativamente a este monumento à arte xávega, isto é, como pensa esta “reparar” a estima e o sentimento que os ovarenses têm por este símbolo da relação das suas gentes com o mar.
Recorde-se este barco foi oferecido à Edilidade em 1998, pelo proprietário da companha Senhora da Graça, o arrais António Soares Maganinho, tendo a mesma embarcação representado a região na Expo’98. Posteriormente, foi recuperado nas oficinas da Associação dos Amigos do Barco Moliceiro, na Murtosa, tendo sido colocado na rotunda norte do Furadouro em 2002 como forma de homenagear a Arte Xávega que ainda se praticava em muitas praias da região. Em 2004 este barco foi abalroado por um automóvel tendo sido submetido a novos trabalhos de recuperação pela mesma associação. Não menos importante de referir é o facto de em 2009, e aproximadamente 1 ano e meio depois, esta embarcação ter sofrido novos procedimentos para obras de consolidação.