Pai de Mónica Silva condenado por tráfico de droga
O pai de Mónica Silva, a grávida desaparecida há quase cinco meses da Murtosa, Alfredo Silva, o “Tuinha”, foi hoje de tarde condenado por crime de tráfico de droga de menor gravidade, no Tribunal de Aveiro, tendo saído assim de prisão domiciliária.
Alfredo Silva, com 57 anos, conhecido por “Tuinha”, foi condenado a dois anos e dois meses de prisão, suspensa pelo mesmo período, com várias condições, como regime de prova, deixando medida de coação de prisão domiciliária e pulseira eletrónica.
Segundo explicou já esta tarde a juíza-presidente do Tribunal Coletivo, no Palácio da Justiça de Aveiro, não se provaram todos os factos pelos quais Alfredo Silva era acusado, pelo que o seu comportamento foi tido por tráfico de droga de menor gravidade.
Durante a leitura do acórdão condenatório, a magistrada judicial advertiu Alfredo “Tuinha” que cumprirá pena de prisão efetiva de se não seguir o plano de reinserção social que lhe será determinado pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais,
A acusação do Ministério Público referia os crimes de tráfico de cocaína, crack e haxixe, entre 2020 e de 2023, tendo Alfredo de Jesus sido detido a 13 de março de 2023, após buscas domiciliárias, pelo Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Ovar.
A GNR investigava o pai de Mónica Silva há cerca de oito meses, por suspeitar que se dedicava ao tráfico de droga, tendo-lhe apreendido então 66 doses de crack, 86 doses de canábis, 230 euros em numerário, dois telemóveis e uma balança de precisão.
Com vigilâncias, seguimentos e escutas telefónicas, a GNR de Ovar apurou que nas conversas com os toxicómanos seria usada linguagem codificada como “ameijoa” para referir droga, e “quilos” ou “caixas” para indicar o número de “pedras” de cocaína.
Alfredo Jesus (“Tuinha”), no julgamento tinha pediu “perdão” ao tribunal, dizendo “estar muito arrependido” e “destroçado”, confessando só parte da acusação, ao afirmar que nunca fez da venda de droga um seu modo de vida, o que seria “esporádico”.
O arguido desmentiu alguns dos rendimentos apontados pelas investigações criminais, nomeadamente a entrega por conta de uma venda de 300 euros, assim como traficar heroína, negando ainda entregas de droga a uma das três filhas, que não Mónica.
Alfredo de Jesus começou por confessar que às vezes vendia droga em vários pontos da Murtosa, encontrando-se “por ali”, de acordo com a sua própria expressão, com toxicómanos, mas “às vezes até lhes dava droga, porque nem todos podiam pagar”.
O pai da grávida desaparecida disse ter começado a “fumar erva” e depois cocaína ao seguir amigos que iam uma vez por mês ao Porto, de comboio, para comprar droga, gastando entre 200 e 250 euros de cada vez, sempre que recebia dinheiro da pensão.
Após concluir as declarações sobre os factos pelos quais está a ser julgado, Alfredo de Jesus fez questão de deixar algumas palavras ao Tribunal Coletivo do Tribunal de Aveiro, para “informar o que passei todos estes meses que tenho estado em casa”.
“O meu sogro morreu, agora morreu a minha sogra, assassinaram a minha filha, com 33 anos, grávida, mas nem o corpo dela aparece”, disse Alfredo de Jesus, afirmando “estar muito arrependido”, anunciando aos juízes que “a droga para mim acabou”.
Alfredo de Jesus Vieira da Silva, com 57 anos, em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, na Rua da Saudade, da Vila da Murtosa, atualmente sem ocupação profissional, declarou aos juízes viver com uma pensão de invalidez de cerca de 600 euros.
JG