Câmara quer demolir cineteatro para criar Praça chamada… Cine-Teatro
O conceito da Praça Cine-Teatro que se prevê para o local onde o emblemático edifício existiu traduz-se na demolição do que resta do imóvel adquirido por 375 mil Euros.
O projeto já adjudicado “passa pela requalificação do espaço, garantindo mais uma praça no centro da cidade de Ovar, com uma entrada privilegiada para o Parque Urbano e permitindo polivalência no uso do local, também para fins culturais”, informou fonte oficial da câmara.
O conceito definitivo ainda não está, contudo, diz a mesma fonte, acabado e o projeto encontra-se “numa fase inicial, pelo que não é possível apontar, com rigor, uma data para a intervenção”.
O membro da Assembleia Municipal de Ovar, eleito pelo CDS-PP mas entretanto desvinculou-se do partido, Fernando Camelo de Almeida, considera que “a possibilidade de a Câmara Municipal ter a intenção de demolir a fachada e o que resta do edifício do Cineteatro é inaceitável”.
“Este executivo não tem qualquer legitimidade política para tomar uma decisão desta natureza sem, pelo menos, fazer uma consulta pública, pois não constava do programa eleitoral do PSD a demolição do imóvel”, acrescentando que o edifício pode ser reabilitado de forma a “ter uma utilidade que seja benéfica para a cidade, sem se destruir mais um elemento da sua memória coletiva”.
No mesmo sentido, este fim de semana apareceu nas redes sociais a petição “Demolição do Cineteatro de Ovar NÃO”, que contava esta manhã com mais de 160 assinaturas contra “a demolição total e definitiva do histórico edifício” e a consequente “perda irreversível de património edificado com um importante valor sentimental para muitas gerações de ovarenses”.
Os subscritores da petição reivindicam “a conservação e reabilitação do edificado existente, enquanto símbolo maior da identidade da cidade e do município de Ovar”.
Argumentam que “o que resta do saudoso Cineteatro de Ovar permanece esteticamente relevante, pelo seu princípio de funcionalidade, simplicidade, elegância intemporal e beleza singular, e deve ser protegido”, até porque, apesar do aspeto “pouco digno do edifício subsistente, não se pode resumir este imóvel a um mero conjunto de pedras e tijolos”, porque “a sua relevância reside na história riquíssima, nas memórias que guarda e nas histórias que ainda poderá contar”.
“Tal como outros municípios do nosso país têm compreendido o potencial de edifícios equiparados ao Cineteatro de Ovar, avançando com obras de reabilitação, revitalizando-os e adaptando-os a novos usos com assinalável sucesso, promovendo a regeneração urbana e a sustentabilidade, também este imóvel deve ser merecedor de uma segunda vida”, propõem.
*com Lusa