Aproveitando as celebrações do Dia de Reis, o Orfeão de Ovar inaugurou, esta segunda-feira, a Sala António Manuel Redes Cruz, prestando, segundo Rui Oliveira, presidente da instituição, “uma justa homenagem a uma figura ímpar na história do nosso Orfeão”. “A sua dedicação e talento marcaram profundamente a nossa instituição ao longo de tantos anos, nomeadamente como autor das músicas para a Troupe de Reis”, acentuou.
António Redes saiu de Ovar aos oito anos e viria a desenvolver a sua vida profissional, sempre ligada à música, na capital e em África.
Mesmo longe, “nunca esqueceu a sua raízes, Ovar, a sua família e os amigos que cá ficaram”, frisou o presidente da direção do Orfeão de Ovar.
“E nunca esqueceu também as tradições de Ovar e, no topo delas, o Cantar dos Reis do qual era um fervoroso defensor”. A sua ligação à tradição que hoje é Património Cultural Imaterial iniciou-se quando, a “determinada altura, a Troupe do Orfeão de Ovar necessitou de alguém para compor as músicas, foi o nome dele que logo surgiu e durante muitos e muitos anos tivemos esse privilégio porque ele era alguém diferenciador, como pessoa mas também como compositor”.
Recordando alguns momentos passados com ele, Rui Oliveira apontou a forma como trabalhava, nomeadamente, “quando vinha dar o seu toque final nas composições, nos nossos ensaios”. “E quando lhe perguntávamos: “Maestro, por onde começamos? Ele respondia: “From the beggining”. “Sempre bem disposto, com a sua piada fina. Nunca esqueceremos.”
Pouco depois de falecer (a 28 de abril de 2022, aos 91 anos), a esposa do Maestro contactou o Orfeão de Ovar no sentido de “acolhermos o espólio musical que ele tinha e nós acedemos, reconhecendo o seu contributo ao atribuir o seu nome a uma sala do nosso edifício”. Nela, continuou Rui Oliveira, “expomos todo o espólio que nos foi doado, desde livros com música escrita por ele, poemas que também escrevia, e tudo o mais que ficará aqui para eternizar a sua memória, porque foi alguém muito importante para Ovar e para o Orfeão”.
A inauguração da nova sala contou com a presença dos presidentes da Câmara Municipal, Domingos Silva, e da União de Freguesias, Bruno Oliveira, que também manifestaram o seu agrado pela iniciativa que perpetuará o nome de Manuel Redes, mostrando parte do valioso espólio que foi generosamente oferecido ao Orfeão de Ovar às novas gerações, simbolizando a sua ligação indelével ao património cultural vareiro.
Natural de Ovar, António Redes emprestou o seu talento ao Teatro de Revista à Portuguesa e às Marchas Populares de Lisboa (Marcha de Campolide) e ao Cantar dos Reis em Ovar, colaborando, durante muitos anos, com a Troupe do Orfeão de Ovar, Casa da Amizade e Bombeiros de Ovar.
