Olaf, a gralha que foi “dona e senhora” disto tudo
Carlos Camoesas dedica-se a vários “hobbies” mas este é muito recente e dele não estaria à espera. Ele e a família foram adoptados por Olaf, uma gralha adulta que invadiu positivamente a sua vida por estes dias.
“Este (Olaf), não o “temos”, ele é que nos tem; vive em liberdade”, resume, em poucas palavras.
Carlos garante que já teve “muitos cães mas, a inteligência deste animal (Corvus corona – gralha preta) supera qualquer um, é impressionante”. “Não só inteligente como sociável, carinhoso, companheiro…”, descreve, embevecido.
O Olaf não pediu licença mas já é da família. “Acompanha-nos para todo o lado por sua iniciativa, inclusive em passeios na floresta, onde semanalmente fazemos caminhada com os cães; a caminhar connosco e com eles, em pequenos voos rasantes, ou de árvore em árvore nunca a mais de 20 metros de nós…”
Na última caminhada (cerca de uma hora antes do almoço), chegou tão cansado a casa que pouco comeu e bebeu e foi logo “dormir” para a sua árvore no quintal. “A árvore que ele escolheu para passar as noites, pois raramente vai para a gaiola de porta sempre aberta em local seguro”.
Todos os dias de manhãzinha (06/08) lá vem ele a voar, da sua árvore no quintal e junta-se aos três cães a “baterem” à porta de casa, à espera que lhes seja servido o “pequeno almoço”. Caminha de forma altiva, segura e determinada e, conta Carlos Camoesas, “chega a oferecer bolinhas (granulado seco para cães juvenis) aos nossos cães, quando já está satisfeito”.
Como em tudo na vida, a liberdade tem riscos. “Sim, tem os seus perigos, porque não o conseguimos proteger de tudo e todos como gostaríamos”, apontando a floresta e a zona rural que rodeia a vivenda, onde a fauna selvagem e a própria dos meios rurais é vastíssima; cegonhas, milhafres, corujas, morcegos, pombos, corvos, cobras, esquilos, raposas, cães errantes, gatos, ouriços, toupeiras, fuinhas, ratos e ratazanas, podem ser uma ameaça.
Como começou
Como todas as histórias, esta também um início e um… fim.
O Olaf apareceu durante uma habitual caminhada da família na floresta (29 Maio). A determinada altura, “deparámo-nos com um “pássaro bebé” no chão, a grasnar, imóvel”. Era obviamente um pássaro bebé que caiu do ninho e certamente iria morrer ali, pois não faltam animais para lhe chamar “um petisco”.
A família resolveu salvar-lhe a vida. “Trouxemo-lo para casa e alimentámo-lo com duas seringas (uma de papa e outra de água)”.
“Começou a andar, aprendeu a voar e foi ficando por aqui e adorava estar com os “outros” cães (nr: Carlos chamava-lhe cão com asas) – o “Morção” principalmente (um dos nossos cães) deve ter sido o primeiro animal que ele viu, não o largava”.
Foi ficando e começou a voar pela vizinhança, pela floresta e por onde bem lhe apetecia, mas voltava sempre, várias vezes por dia; “adoptou-nos!”, reforçaa Carlos.
Ontem à noite a família Camoesas fez-lhe o funeral “aqui no quintal e choramos todos juntos”. As saudades vão apertar.