Obras do “Carnaval de Ovar é…” solidárias com os refugiados da Ucrânia
Quadros podem ser adquiridos.
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Tudo começou há quase dois anos, quando ainda estávamos em pandemia, confinados em casa. Dia após dia, semana após semana, Túlio Tomaz “ofereceu-nos desenhos, imagens, palavras, fotografias, “happenings”, ideias, que registam a sua leitura artística da memória colectiva das muitas vivências do Carnaval de Ovar”, como alguém já disse.
Ao mesmo tempo, este trabalho, que começou no universo digital e vive agora uma segunda vida numa exposição no Pate’o Lounge & Restaurante, em Ovar, comprova o seu contributo generoso para a grande festa popular vareira.
Todos os dias, o Túlio Tomaz reserva algumas horas do seu tempo para tomar conta dos seus “bonecos” e receber com simpatia quem os quer ver ou rever nesta nova vida que assumem na parede do novo projecto hoteleiro ovarense. Foi essa a oportunidade de com ele dialogar.
Cinco Perguntas a Túlio Tomaz
1. Como nasceu a ideia desta exposição?
Esta exposição nasce no início da Pandemia quando se soube que não ia haver Carnaval. Foi uma forma que encontrei de despertar a malta para pensar no Carnaval e menos no vírus. Já que estávamos em casa, e com o Facebook a ligar-nos esta foi uma forma de, ao mesmo tempo, pôr-nos a reflectir sobre o Carnaval – que não é só aqueles dois ou três dias por ano, mas também toda esta panóplia de imagens e vivências que estão aqui. A verdade é que comecei por um cartaz e acabei por fazer 74.
2. Qual foi o teu conceito para a realização deste trabalho?
Dos grupos, escolhi os fatos que julgo serem os mais emblemáticos. Dos Pinguins, por exemplo, não escolhi nenhum especial, pintei 16 fatos de carnavais que ganharam o Carnaval. Outros houve que fiz que não considero serem os mais icónicos, mas a cena era mostrar a envolvência da festa, por isso aparecem as costureiras, carpinteiros, serralheiros, as farturas. Tentei mostrar tudo aquilo que mexe connosco e todos se reveem em algum dos quadros. Até no carpélio.
3. Estavas à espera de uma reacção tão positiva por parte dos foliões do Carnaval de Ovar?
Não estava, sinceramente. Nos primeiros quatro ou cinco bonecos que publiquei nas redes sociais não estava à espera de tanto buzz mas, depois nos comentários, os foliões puxaram uns pelos outros e também por mim. Por vezes, nem tinha tempo para acompanhar tudo. Foi muito interessante, porque a dada altura, eu quase não conseguia desenhar para acompanhar a discussão que ia na Internet sobre o que fazer a seguir. Aquilo que criei acabou por se tornar tão grande que não pude parar. Nasceu uma comunidade de 300 ou 400 pessoas que me mandava mensagens a perguntar o que eu ia fazer no dia seguinte e enviava ideias. E isso fez com que eu arcasse com essa responsabilidade e, na verdade, foi uma brincadeira inicial que se tornou séria.
4. Esta exposição/colecção vai continuar ou fica por aqui?
O ponto final não fica aqui. Estes bonecos ainda vão ter mais um lastro de vida para além das redes sociais e do Pate’o. Vai ser uma surpresa, mas dou por concluída esta série de 74 bonecos.
5. Como tem corrido a venda?
Eles estão aqui expostos mas estão também à disposição de quem os quiser adquirir. E quando eclodiu esta crise na Ucrânia, eu e o Tiago acordamos que parte do lucro da venda dos quadros reverteria para as vítimas da guerra na Ucrânia e é isso que está a acontecer. As pessoas compram o seu quadro favorito, levam o original que está exposto para casa e parte dessa verba reverte para esta causa humanitária. É assim.
Túlio Tomaz agradece a todos os foliões que colaboraram com ele e para esta exposição, em particular, deixa palavras especiais de reconhecimento à família, a Tiago Mendes “pela oportunidade e a Eduardo Casquinha que me tem ajudado muito desde o início, com as camisolas, canecas e outros suportes”.