Opinião

O Futebol faltoso – João Gomes

Depois de observar o jogo entre o SC Braga e o FC Porto houve uma questão que se reacendeu na minha ideia do futebol português: o tempo que se perde com faltas. Aquela que poderia ter sido mais uma partida de alta qualidade, com executantes de elevado nível, resumiu-se a mais um encontro monótono, tal foi a quantidade de faltas assinaladas. Convém sublinhar que a agressividade no futebol não é uma coisa má. Por outro lado, o número excessivo de faltas aliadas ao contínuo aproveitamento dos jogadores e à complacência do árbitro, é de irritar qualquer santo… ou adepto.

O nosso campeonato, que até podemos afirmar ser uma Liga competitiva comparativamente àquilo que se praticava há dez ou mais anos atrás, tem várias fases de travessia desértica, onde a qualidade técnica na posse de bola e a capacidade ofensiva são substituídos pelos constantes “galhardetes” trocados durante os noventa minutos e os imensos momentos de interrupção consequente do apito do árbitro. Esta questão cultural do nosso futebol não me parece nada benéfica para a atracão de público aos jogos. Mais ainda, as ideias de jogo estão a tornar-se atrofiadas pelo excesso de “manha” praticada pelos demais intervenientes.

As ideias mudam e a cultura evolui (ou pelo menos, devia!) no sentido do enriquecimento do espectáculo, não apenas pela vertente “resultadista” da modalidade. Os principais responsáveis? A Federação. Depois? Os clubes!

A filosofia do nosso futebol deve começar a ser implementada de baixo para cima, de dentro para fora. Só assim será possível, num futuro próximo, colhermos frutos suculentos do desporto-rei no nosso país, aperfeiçoando este fenómeno tão brilhante. Devemos incutir, desde as camadas mais baixas, uma paixão limpa pelo jogo e, não apenas, um espírito competitivo que roça a malícia.

João Gomes
19 de Abril de 2017

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