O Corvo-marinho-de-faces-brancas já passa o inverno na Ria
Quem passeia pela Ria não precisa de ser um especialista em pássaros para identificar muitas das aves que por ali se exibem dentro e fora do plano de água.
Não faltam o borrelho, o maçarico-real, a gaivina-dos-pauis e outras aves mais vistosas, como o colhereiro, a garça (a real e a branca), os elegantes flamingos e o mais recente habitante, o corvo-marinho-de-faces-brancas.
Esta ave (“Phalacrocorax carbo”) encontra-se adaptada ao meio, integra a ordem dos Pelecaniformes, possuindo membranas interdigitais que lhe permitem mergulhar em busca de peixes, a base da sua alimentação.
Normalmente nidifica no Norte da Europa (Inglaterra e Irlanda) e migra para o Sul quando chega o tempo frio, mas são cada vez mais os indivíduos que cá ficam todo o ano e já nidificam.
Com uma aparência vigorosa e primitiva de réptil, devido ao longo pescoço, são vistos por alguns povos como aves sinistras e chegam a ingerir uma quantidade de peixe superior ao peso do seu corpo, ou seja, diariamente, comem, pelo menos 400 a 600 gramas de comida.
Os corvos-marinhos-de-faces-brancas mergulham e perseguem os peixes debaixo de água durante vários minutos.
“É típico nesta ave, após cada mergulho realizado em busca de alimento, voar para um local seco ou para algum poste existente nas proximidades, onde permanece durante algum tempo com as asas abertas de modo a poderem secar as penas”, descreve o ambientalista vareiro Álvaro Reis.
É facilmente a maior ave marinha europeia de cor preta e chama a atenção, com o seu metro e meio de envergadura, quando pousa com as asas abertas a secar as penas ao sol.
Ao contrário das restantes aves aquáticas, os corvos-marinhos possuem uma plumagem que é apenas parcialmente molhável, permitindo que mergulhe com maior eficácia. Mas essa desenvoltura subaquática paga-se: é preciso parar para secar a “roupa” quando esta fica encharcada.
Por isso, os pescadores do Canal da Ria de Ovar não gostam desta nova ave, por ser, afinal de contas, concorrente na captura de recursos.
O aumento significativo que estas populações invernantes têm tido nos últimos anos, na Ria de Aveiro, e nomeadamente nas águas do concelho de Ovar, faz com que sejam facilmente avistadas praticamente todo o ano com a particularidade de apresentarem uma mancha clara no ventre e na face durante o inverno.
Foto principal de Sam Zhang