Opinião

O cenário mudou! – Ricardo Alves Lopes

Não tenho nenhuma razão especial para aqui estar, só saudades. Tenho pensado muito nisso, nas saudades das coisas que deixamos de ter, mas que nos fazem bem continuar a alimentar. Este é um desses casos.

Não tive nenhuma razão especial para deixar de escrever para o Ovarnews, quando era tão bem tratado por quem o faz e por quem o lê, independentemente de concordar comigo ou não, mas aflorou-me uma necessidade enorme de parar, estagnar um pouco o fulgor de ideias que tentava produzir, quando o pensamento já era circular. Não me arrependi por um momento de fazê-lo, porque dei resposta à minha consciência e ela é a arma mais valente, e poderosa, que temos.

E Ovar, meus amigos, está a ser um pouco isso: uma cidade que responde à sua consciência. As coisas vão acontecendo, tal como as discussões, mas não se perde o rumo do que acreditamos. Uns para um lado, outros para o outro, claro, como tem que ser em democracia, mas a seguir um rumo. Há mérito na câmara, na junta, nas pessoas que fazem as governações e a oposição, porque a cidade, meus amigos – apetece-me muito chamar-vos meus amigos, porque vos sinto mesmo como meus amigos – ganhou um novo fulgor, que já não se compara ao anterior. Ao início, naturalmente, estranhou-se, porque o que é diferente faz estranhar, tem que ser assim, mas também é essa diferença que impulsiona para outro lado, para outro patamar.

Esta semana tivemos as comemorações da Força Aérea, os GNR descentralizados para Esmoriz, as praias do Furadouro, Maceda, Cortegaça e Esmoriz a flamejar pessoas na sua tez morena, as esplanadas a abarrotar, os sítios de estacionamento a escassearem, pela afluência e não pela sua ausência, e as pessoas não fizeram grande burburinho.

Talvez estivessem pela Praça, pelo centro, pelo Furadouro, na reabertura Pildrinha, ou em Cortegaça no Miradouro, ou em Esmoriz com o pé n’areia, no Pé N’Areia. Não importa. Importa que já não se alarmaram nem reivindicaram qualquer anomalia, porque já se habituaram à agitação. Não constante, mas permanente. E isso é que é o sinal que a nossa consciência mudou. Mudámos o plano que servia de cenário atrás de nós e, portanto, olhamos o futuro e presente de outra forma. Isso é bom.

Quanto a mim, vou continuar esta licença sabática de opiniões, só a voltar aqui quando me sentir assim: a ferver por dentro, como as praias em dias de Verão ou os serões em noite de céu estrelado.

Ricardo Alves Lopes (Ral)
www.ricardoalopes.com
http://tempestadideias.wordpress.com

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