O Carnaval está a chegar – Ricardo Alves Lopes
As vontades já se começam a alinhar nos olhares de cada um. Sábado há espetáculo, o tido como de abertura, mas os pensamentos já há muito que para aí estão viradas, como se não necessitassem de abertura oficial.
Ovar não é uma terra de Carnaval, é uma terra que não vive sem Carnaval. Para alguns, mesmo habitantes, julgam-nos reduzidos a isso, mas não somos. Fazemos muitas outras coisas durante o ano, temos muitos outros interesses e hobbies. Porém, chegados a esta altura, até mesmo uns tempos antes, já não conseguimos pensar em mais nada.
Esse pensamento não nos reduz, como alguns nos desejam fazer crer, esse pensamento apenas nos potencia no levar a cabo deste espetáculo. Porque, acasos, algumas pessoas esquecem-se o que é o Carnaval: um espetáculo. É claro que engloba muitos jantares, alguns exageros, imensas pessoas notívagas pela rua, mas acima de tudo é um espetáculo. E, quando se pretende usar do pejorativo, esquece-se os dias e noites de trabalho que antecedem tudo isso.
A economia é sempre uma questão muito falada, sem grandes respostas, mas nunca ouvi ninguém a mencionar os aumentos de produção que chegam às costureiras, o regalo que é para os pequenos comerciantes de ferro, cola, tubos, entre outras coisas, isto, claro está, sem abraçar as questões da restauração, porque aí abrir-se-ia a pandora da polémica. E eu, por hoje, não quero.
A economia não é algo tangível, isso são as finanças, mas o movimento económico é deveras influenciado pela predisposição para o consumo. E imaginam alguma fase do ano em que os ovarenses estejam mais dispostos a consumir? Se excluirmos a restauração, poderemos voltar aos tópicos que acima mencionei, porque cá não há desfile apenas ao sábado, domingo e terça. A maioria das pessoas, de cá, veste-se o seu traje à segunda-feira à noite, tendo-os feito em casa ou comprado em algum lado. De todos os lados, surgem potenciais consumidores. Os amigos trazem os amigos dos amigos e toda gente se junta por cá. É verdade que existe a aldeia, é muito verdade que a generalidade dos grupos passa horas e horas na sede, mas também não é verdade que já existem alguns espaços a potenciar festas com grupos carnavalescos e com aparente sucesso?
Do céu apenas cai a chuva, que esperamos não apareça este ano. Temos todos que trabalhar nos grupos, mas todos os que desejam facturar com o Carnaval também necessitam de se mostrar. Já pensaram em colocar páginas no Facebook, com pequenos investimentos de 1€, a potenciar os vossos produtos ou serviços? Se eu fosse costureira, tivesse uma casa de tecidos ou uma pequena indústria de tintas, colas, ou algo relacionado, já o teria feito. Mas, obviamente, isto seria eu. Como se fosse proprietário de algum espaço de restauração também teria procurado encontrar o meu break-even para a partir daí fazer promoções especiais. Agora, parado é que não ficaria, mas tudo isso é uma questão de perspectiva e já sei que a minha é errada, porque, como sempre, é optimista em demasia.
No entanto, vou manter-me sempre optimista, até porque o Carnaval começa sábado. No calendário, claro, que nas nossas cabeças há muito que começou.
Ricardo Alves Lopes (Ral)
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