Opinião

Nada justifica o que está a acontecer – Por Raul Almeida

O que se está a passar em alguns bairros da grande Lisboa convoca-nos a uma reflexão ponderada e responsável.

Primeiro, a morte de um cidadão às mãos da Polícia, nas circunstâncias em que aconteceu, exige uma investigação rigorosa e imparcial pela autoridade competente. Isto não quer dizer que se suspeite da Polícia, é apenas o funcionamento dos meios de garantia do sistema.

Tudo deve ser regulado e auditado, para segurança dos cidadãos e credibilidade das forças de segurança.

Segundo, nada justifica os desacatos, actos de vandalismo, destruição de propriedade alheia e perturbação da ordem pública a que estamos a assistir.

Ainda que algumas pessoas ou grupos possam ter uma percepção de injustiça no lamentável episódio da morte de Odair Moniz, não podem sair do recurso aos meios legais previstos para apuramento da verdade.

Num Estado de direito democrático, só o recurso à lei e aos meios disponíveis para prossecução da justiça é aceitável.

Qualquer tipo de “justiça pelas próprias mãos”, ou vingança, tem que merecer firme condenação geral e repressão por meios proporcionais e no perímetro da lei.

Terceiro, estes acontecimentos, depois de controlados e sanados, exigem uma aproximação, por tudo o que significam de instabilidade e tensão social latentes.

Há, de facto, um mal estar, ressentimento, um espírito de gueto, que escapam à maior parte da sociedade, mas que a todos dizem respeito. Agir, enquanto é tempo, promovendo mais e melhor integração, diálogo permanente e responsabilidade mútua, é urgente e fundamental.

A polarização social em curso, em nada ajuda a mitigar estes fenómenos. As reacções do Chega e do SOS Racismo são o exemplo claro de tudo o que não precisamos neste momento; não representam, felizmente, a maioria dos portugueses, mas não podem medrar perante a passividade geral, perante o silêncio do bom senso.

Raul Almeida

Deputado AM Porto

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