Morreu em Paris o pintor José Luiz da Rocha
O artista plástico português José Luiz da Rocha, conhecido como Darocha e há muito radicado em França, morreu no domingo aos 70 anos, disse à agência Lusa fonte próxima da família.
O artista português morreu em consequência de doença prolongada, em Paris, cidade onde vivia.
De acordo com a mesma fonte, na sexta-feira irá realizar-se uma celebração em homenagem ao pintor, em simultâneo em Paris e no Porto, na Igreja das Carmelitas, a partir as 19 horas.
Nascido em Oliveira de Azeméis em 1945, José Luiz Da Rocha deixou Portugal na década de 1960, viveu em Londres e Toulouse, instalando-se finalmente em Paris, onde passou a residir e a trabalhar.
Formado em Antropologia Patológica, o pintor assinava com vários nomes, como Darocha, da Rocha, Luis Darocha, Z. L. Darocha, Louis Darocha ou Paris Couto, atestando a multiplicidade do ser humano, como defendia na biografia oficial que apresentava na Internet.
Foi como Paris Couto que assinou o livro para a infância e juventude “O farol das estrelas cadentes”. Luiz da Rocha assinou ainda ilustrações para livros de Ana Folhadela, Manuel António Pina e Álvaro Magalhães.
Expôs individualmente desde finais de 1960 e os materiais que utilizava eram variados – tela, papel, madeira, metais, plásticos, textos ou pigmentos – com os quais criava paisagens habitadas por duendes, fadas, monstros, princesas e toda uma panóplia de figuras da infância.
Entre 1975 e 1996 foi professor nas Escolas de Belas Artes de Metz, Dijon, Limoges, Bourges e Metz.
Com várias dezenas de exposições colectivas e individuais no currículo, Darocha apresentou a sua obra em países como França, Grécia, Luxemburgo, Bélgica, Jugoslávia, Holanda, Suíça, Espanha, Alemanha ou Turquia.
Este ano, o Museu de Ovar dedicou a José Luiz a Rocha uma exposição que apresentava obras de toda a carreira. Ondulações de estilo abriu ao público a 11 de junho, e foi inaugurada pelo diretor do Museu de Ovar, Manuel Cleto, sem a presença do pintor, por motivos de saúde. “É uma pessoa amabilíssima, de um trato fantástico, que vem aqui muitas vezes”, recordava Cleto sobre o pintor, citado pelo semanário Sol. “Falar sobre Luiz da Rocha é-me fácil e é-me difícil, porque criámos uma relação de amizade”, acrescentou.
Ainda assim, o pintor enviou uma mensagem por escrito aos presentes, sublinhando que a exposição era “uma amostra daquilo que me foi dado a produzir desde há 50 anos, que de um modo geral funciona por séries”.
Ainda antes de se saber da morte, o Espaço Mira, no Porto, já tinha programada, para o dia 30 de setembro, a exibição do documentário sobre o autor, “No Laboratório da Via Láctea”, de Joana de Bastos Rodrigues, seguido de conversa com Bernardo Pinto de Almeida e Júlia Pintão.
Em 2014 , José Luiz da Rocha recebeu a medalha de ouro da autarquia de Oliveira de Azeméis, pelo “contributo inestimável” para a promoção do concelho.
Na altura, o artista plástico afirmou-se satisfeito pelo reconhecimento da cidade: “Adoro a terra onde nasci e, apesar de viver em Paris, é em Oliveira de Azeméis que continuo a nascer todos os dias. Dá-me grande satisfação este reconhecimento pelas pessoas da minha terra – essa cidade luminosa que tenho comigo”.