Milhafre-negro e mocho-galego devolvidos à natureza em Válega
A Associação Ambientalista Amigos do Cáster, de Ovar, participou na libertação de duas aves selvagens em Válega. As aves – um milhafre-negro e um mocho-galego, foram recolhidas no distrito de Aveiro, mas não em Ovar. Segundo uma informação adiantada por Carlos Ramos, dirigente da associação vareira, “ambas são juvenis e caíram dos seus ninhos e, porventura, terão sido recolhidas por populares, entregues ao SEPNA da GNR que, por sua vez, as entregou ao CERVAS – Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens”.
O procedimento de recuperação e devolução à natureza foi da responsabilidade do CERVAS que contactou os Amigos do Cáster para o apadrinhamento e colaboração no trabalho de preparação e escolha do local para a devolução das aves ao seu habitat.
Refira-se que o CERVAS criou processos de apadrinhamento, orientados para cidadãos a título particular assim como para associações e foi neste âmbito que estas aves foram devolvidas à natureza em Ovar.
Carlos Ramos recorda que “os Amigos do Cáster e o CERVAS já se conhecem desde 2010, ano que a associação vareira convidou o CERVAS para participar no Ciclo de Conferências do Ambiente Imagens Dispersas 2010 – 6° Encontro de Fotografia Cidade de Ovar (AMBID2010-6EFCO)”.
Anos mais tarde, após a realização de algumas actividades em conjunto, o CERVAS e os Amigos do Cáster estabeleceram um protocolo de parceria que é renovado anualmente. Deste protocolo já resultou nova colaboração com o Ambiente Imagens Dispersas – Encontro de Fotografia Cidade de Ovar, na 14.ª edição em 2018, a qual incluiu uma exposição de fotografia denominada “Animais Selvagens em Recuperação no CERVAS e outras Histórias”, dos fotógrafos Artur Vaz Oliveira, Gonçalo Costa e Ricardo Brandão e consequente intervenção de Ricardo Brandão no ciclo de conferências deste evento.
“Em 2019 e 2020, esta parceria resultou na devolução à natureza, em Ovar, de animais selvagens recuperados pelo CERVAS”, explica Carlos Ramos, adiantando que estas devoluções realizaram-se em Ovar, por se “terem encontrado boas condições para se realizar este tipo de eventos, no que a estas duas espécies diz respeito; por se ter construído uma relação de mútua confiança entre as duas organizações; pelo interesse do CERVAS mas, nomeadamente pelo interesse dos Amigos do Cáster em trazer este tipo acções para Ovar”.
Para os Amigos do Cáster, diz Carlos Ramos, “estes actividades tem um enorme potencial de sensibilização e consciencialização ambiental, por possibilitar aos participantes um instante único de proximidade com um animal selvagem, por poderem receber informação presencial sobre as suas características, sobre os serviços ecológicos que a espécie em causa presta ao meio ambiente e sobre as ameaças a que a mesma está sujeita e por incrível que pareça estas experiências, a muitos de nós seres humanos, permitem-nos libertar substâncias químicas naturais nos nossos cérebros que nos geram uma enorme sensação de felicidade”.
O Mocho-galego
Sobre o Mocho-Galego importa referir que se trata de uma espécie que vive essencialmente em campos agrícolas, pelo que os Amigos do Cáster consideraram que Válega seria o local com maior potencial para a sua sobrevivência.
Esta ave “usualmente, o seu habitat inclui uma grande variedade de campos agrícolas com muros e montes de pedras, plantações de cereais, olivais, vinhas, hortas, sistemas agro-florestais. Evita zonas demasiado húmidas, florestas densas ou povoamentos florestais de produção e habitats de alta montanha. Independentemente do tipo de habitat, algumas das condições para que este seja óptimo, é ter alimento suficiente para o casal e descendência, disponibilidade de poisos e de locais para a nidificação (…).”
O Milhafre-negro
O milhafre-preto é uma ave de rapina que pode atingir um tamanho de 60 cm. É uma ave migradora, que regressa do Sul do Sahara onde passa o Inverno em Março. Vem para Portugal para se reproduzir e são aproximadamente 4 meses em que os podemos visualizar nos nossos céus.
Alimenta-se fundamentalmente de carne morta proveniente de outras aves de rapina mortas. Porém, também se come espécies aquáticas, como por exemplo, peixes doentes ou mortos que ficam a flutuar os rios.