Memórias de uma fábrica de olaria cujos fornos se apagaram em 1986
A ausência de oleiros, a desatualização dos equipamentos e a crise da década de 1980 levaram a Fábrica Regalado, em Ovar, a apagar os fornos em 1986, mas as suas memórias perduram.
“Era uma necessidade aumentar a produção e fazer uma grande ampliação. Foi construído um edifício de três pisos para a secagem dos materiais e, no rés-do-chão foram construídos dois fornos e uma chaminé para fazer a exaustão dos fumos da cozedura”, explicou.
Apesar de não ter memória ou algum registo sobre quanto produzia a fábrica na época, José Eduardo recorda-se de que foram estas melhorias que permitiram uma maior produção, mas também maior qualidade.
“Nós vendíamos tudo o que fabricávamos. Tínhamos de facto muita qualidade, mas não tínhamos uma grande produção, aliás, a produção era limitada”, frisou.
José Eduardo adiantou à Lusa, contudo, que o negócio “não resistiu” à ausência de mão de obra qualificada, à crise financeira da década de 80, que se fez sentir em Portugal, e à desatualização dos equipamentos e máquinas, tendo encerrado “definitivamente” em 1986.
“Estas circunstâncias fizeram com que a fábrica não resistisse e tivesse este desfecho”, referiu.
Contudo, a história da Fábrica Regalado não termina assim.
Consciente do potencial do espaço que outrora deu lugar à produção de vasos, tijolos e telhas, José Eduardo decidiu falar com os cinco fotógrafos amigos: Fernando Andrezo, Pedro Brás Marques, João Carlos Pinto, Luís Rodrigues e José Santa Clara.
“Mal começaram a disparar, percebi o quanto valorizavam o espaço”, salientou José Eduardo.
As memórias que o espaço ainda conserva, como os dois fornos e a chaminé, foram materializadas em 2019 mais de duas dezenas de fotografias deram origem a uma exposição: “Cinco Olhares sobre a Fábrica Regalado” e a um livro, “Na Fábrica”, de Fernando Andrezo, Pedro Brás Marques, João Carlos Pinto, Luís Rodrigues e José Santa Clara. Pode ser adquirido na Biblioteca Municipal de Ovar.