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Mais de um século depois, o Neptuno de Ovar “perdeu” o seu tridente

Constitui o espaço mais antigo da urbe vareira. Entre 1695 e 1867 existiu neste local a casa e o celeiro do castelo.

A praça Família Soares Pinto foi aberta em 1876 e o Chafariz Neptuno inaugurado em 1877, convertendo-se no primeiro abastecimento público de água na cidade. De gosto marcadamente clássico, o chafariz é coroado por uma estátua de Neptuno que na mão direita segura um tridente.

Os mitos da Antiguidade revelam uma (possível) razão para este símbolo do deus, quando nos reporta que, e cite-se, “o tridente era um símbolo da tripla virtude da água, já que esta fluía, era fértil, e era potável”.

Há quase um século e meio que os vareiros estão seguros no seu estatuto de vareirismo porque ali em cima, vigilante, está o Neptuno a olhar por nós.

Mas nos tempos que correm já nada é garantido. Não se sabe ao certo há quanto tempo aconteceu, mas o Neptuno “perdeu” o seu tridente e não foi o vento que o levou.

Chegou a apontar-se os festejos do Sporting campeão, em Maio, como causa do desaparecimento, já que o Neptuno apresenta um cachecol dos leões ao pescoço, mas ganha maior consistência a versão de que o tridente se “perdeu” durante o carnaval quando se procedeu à instalação das proteções do Chafariz. Desde então, estará em reparação.

Nas redes sociais, os comentários de choque sucedem-se: “Brinca-se com algo que deveria ser precioso e orgulho de nossa terra”. Patrícia Alves sublinha que “ainda partiram parte dos dedos que seguravam o tridente. Vandalismo”.

Por seu lado, Bruno Miguel lamenta que “a falta de respeito e a pouca vigilância na cidade resultam nisto”.

“Era o que faltava a um casco histórico sujo, sem luz e sem atenção, onde onde os velhinhos tropeçam e caem em mecos do passeio”. Outro escreve: “Os vareiros estão órfãos e este executivo fechado em gabinetes nem deu por ela”.

Ricardo Leite também lamenta o que está a acontecer. “Dão tanta importância a esse ex-líbris da cidade que até um cachecol (e não é clubismo) deixaram lá há meses, portanto, acho que está tudo dito!”

Tratando-se de um símbolo da cidade vareira, a Câmara Municipal de Ovar já devia ter vindo a público explicar o que aconteceu e anunciar uma solução urgente.

É impensável o nosso ex-libris passar assim o Dia do Município.

(notícia atualizada)

 

 

 

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