“Leccionar a arte da carpintaria naval é um sonho realizado” – Hélder Ventura
Um dos docentes convidados do curso foi Hélder Ventura, do CENÁRIO, que considerou a experiência “um sonho pessoal realizado poder exercer este desígnio de dar continuidade à carpintaria naval”.
Para o dirigente vareiro, “foi uma experiencia muito emocionante do ponto de vista pessoal e penso que será uma vivória a continuidade desta arte”.
Esta é “uma arte que é diversa e proveniente de várias escolas, mas Estarreja agrega estes diferentes tipos de carpintaria naval”.
Porque “os carpinteiros navais daqui foram para Lisboa, para o Seixal, espalharam-se pelo território a construir barcos, levando consigo estes e outros conhecimentos. Eram excelentes!”, avaliou.
“Este primeiro grupo de formandos foi excepcional dentro das suas experiências diferentes e está lançada a semente”, considerou.
Recorde-se ainda que a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) inscreveu “como registo de salvaguarda urgente” o “Barco Moliceiro: Arte da Carpintaria Naval da Região de Aveiro”, no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, conforme despacho publicado no dia 15 de dezembro de 2022, em Diário da República.
Os barcos moliceiros – verdadeiros ex-libris das gentes ribeirinhas e que encerram na sua construção técnicas milenares – têm em Pardilhó o seu ‘núcleo’ de produção.
A arte da construção de barcos em madeira ainda ganha vida pelas mãos dos mestres de Pardilhó, terra da Ria e berço de centenas de construtores navais de machado e enxó.
O espaço onde decorreu o curso foi doado pelo mestre José Duarte da Silva, conhecido em Pardilhó por José Pitarma e pela família de Diniz Tavares de Matos, antigo estaleiro tradicional em madeira onde durante meio século se construíram e repararam barcos de recreio, foi reerguido e transformado em Centro de Interpretação da Construção Naval e sede da Estação Náutica de Estarreja.