Lagartas do pinheiro em meio escolar – José Lopes
Sendo habitual o aparecimento de lagartas do pinheiro em meio escolar, quando existem factores naturais para estes seres vivos, como são os pinheiros. A exemplo da necessidade de sensibilização das comunidades escolares e educativas para temáticas tão variadas e complementares, como a violência, o “Bullying”, as acessibilidades ou a Saúde nas suas múltiplas vertentes de sensibilização e prevenção em meio escolar, também as lagartas do pinheiro podiam merecer a nossa atenção para as necessárias medidas preventivas.
Particularmente em meio escolar os cuidados a ter relativamente aos nefastos efeitos de contacto com as “processionárias” ou lagartas do pinheiro, não são de desvalorizar nem é aceitável qualquer atitude de desvalorização das possíveis e estudadas consequências que podem advir das aparentemente inofensivas lagartas “fofinhas”.
As lagartas do pinheiro constituem uma praga e um risco para animais, mas também para humanos e para os próprios pinheiros onde fazem os seus ninhos. Este tipo de lagarta encontra-se disseminado por todo o país, sendo comum observarem-se os seus estragos em qualquer região de pinhal.
Não sendo novidade o aparecimento de tal praga em meio escolar com presença de pinheiros, a sensibilização não só dos alunos, mas sobre tudo dos assistentes operacionais, é fundamental para contribuírem, para uma efectiva intervenção preventiva, não tentando escamotear uma realidade objectiva com práticas inadequadas, que só podem resultar na proliferação de uma praga que exige identificação e a circunscrição da área em que as lagartas se movimentam ao descerem dos pinheiros, para que seja evitado o contacto com as crianças/alunos.
Há certamente entidades públicas responsáveis pela Saúde Pública e controlo deste tipo de lagartas dos pinheiros que têm de ser pronta e devidamente informadas, para que sejam evitados alarmismos. Uma atitude consciente e já agora pedagógica, estando-se em meio escolar, que exige uma actuação responsável e não o recurso à pá e vassoura, ainda que sejam as ferramentas com que querem que os assistentes operacionais intervenham prioritariamente em pleno século XXI. Mesmo quando estamos perante um cenário da natureza que necessita de uma resposta com sensibilidade.
Segundo estudos publicados, a que os alunos imediatamente recorrem na internet para obterem algumas respostas face a tais “bichinhos” que os parecem encantar, “as thaumetophoea pityocampa, vulgarmente conhecidas como lagartas do pinheiro ou processionárias nascem entre Agosto e Setembro em ninhos formados na copa dos pinheiros. Estes ninhos assemelham-se a algodão doce branco, mas atenção são tudo menos «doces»! Durante os próximos meses de «frio», as lagartas agrupam-se nos ninhos para manter o calor e saem à noite, ligadas por um fino fio de seda que utilizam para regressar ao ninho.”
Como se está a comprovar mais uma vez nesta experiência em meio escolar, em que os alunos puderam observar ao vivo lagartas do pinheiro, “entre janeiro e maio, as processionárias abandonam o pinheiro, deixando o hospedeiro em fila, como se de uma procissão se tratasse (daí o seu nome). Dirigem-se em direcção ao solo onde irão concluir a sua metamorfose transformando-se em borboletas inofensivas.” Um processo de transformação que seria extraordinário e certamente inesquecível poder ser testemunhado por todos nós, como que assistir à evolução de algo, que numa fase da sua existência provoca pânico ou mais concretamente irritação, no caso de contacto com a pele de um ser humano.
Mas ultrapassada esta fase e resistindo à intolerância dos medos, da ignorância ou dos métodos abruptos para o seu combate, ainda que numa perspectiva preventiva, seria interessante, numa espécie de aula e laboratório ao ar livre, ver concluir a sua metamorfose transformando-se em borboletas inofensivas.
O problema é que antes da sua evolução para borboletas inofensivas, as lagartas “possuem 8 recetáculos com cerca de 100.000 pêlos urticantes. Ao moverem-se, estes receptáculos abrem-se libertando milhares destes pêlos e aumentando a possibilidade de intoxicação de um animal ou de uma pessoa que entre em contacto com eles. Os pêlos agem como agulhas, injectando as substâncias tóxicas na pele ou mucosas”.
Estamos pois em meio escolar com alguns pinheiros (os quais não devem ser naturalmente erradicados por causa das lagartas do pinheiro) e próximos de pinhais. Paisagem e ambiente natural para ter em linha de conta algumas dicas sobre as fases de crescimento da lagarta do pinheiro, o que acontece de outubro a finais de maio, altura em que se dá a “fase de lagarta até à fase de crisálida”. Durante este período, apresentam pelos urticantes que podem constituir um problema de saúde pública, pois podem gerar epidemias sazonais de, por exemplo, dermatites. Estes pelos, “para além do corpo das lagartas, podem encontrar-se espalhados pelos ramos, ninhos ou, até mesmo, em suspensão no ar. Como tal, as manifestações não ocorrem apenas quando há contacto direvto com a lagarta, mas também surgem pelo contacto com ramos, folhas ou outros que contenham pelos da lagarta”. Razões que deveriam despertar atenção junto das comunidades escolares e educativas para uma efevtiva sensibilização e adequada intervenção a vários níveis.
José Lopes
Assistente Operacional (Educação)