Ideias para Ovar
Primeiro, deixem-me dizer que acho maravilhosa a ideia do Orçamento Participativo. Parece-me um regalo que, na democracia destes tempos, se devolva algum poder de decisão à população.
Bem sei que já se discute o valor, mas na primeira ocasião que ele acontece, com esta divulgação e propulsão, parece-me que o valor é o menos significativo, mesmo não sendo tão pequeno assim. Cem mil euros é dinheiro.
Ovar está a necessitar deste tipo de impulsos, numa altura que cresce culturalmente e ao nível de sociedade e até de agitação. Desde que principiei a escrever neste espaço, já abriram duas casas comerciais no centro de Ovar, já aconteceram coisas boas, como excelentes concertos e peças de teatro, um carnaval memorável, entre outras coisas. Por exemplo, na passada quinta-feira, na bonita sala do Museu de Ovar, com o contributo dos professores Cleto e Carlos Nuno Granja, conseguiu-se mais um serão muito agradável, em que fica latente a necessidade que esta cidade tem de iniciativas. A uma quinta-feira à noite, uma sala repleta e participativa, no lançamento de um livro, demonstra a abertura dos ovarenses a este tipo de acontecimentos. Não se consolida à primeira, mas vai-se consolidando. E isso é o importante de perceber.
Assim, julgo que Ovar necessita divulgar-se ainda mais, aparecer mais. Numa área como a literatura, estão a passar por Ovar nomes como Pedro Guilherme-Moreira, Afonso Cruz, Maria do Rosário Pedreira, Nuno Camarneiro e João Tordo, entre outros, que pertencem à elite da classe, pela mão do museu, na pessoa do professor Cleto, e pela intrepidez do Carlos Nuno Granja. Precisamos, nós conterrâneos, ajudar a isto chegar mais longe. A divulgar. Na música, o mesmo se passa. A elite da classe não se cansa de pisar o palco do Centro de Artes, ou outros palcos, como acontecerá com Dead Combo, Peixe-Avião e Márcia, no próximo dia 29.
Ovar move-se, só os mais distraídos o podem negar. Entretanto, por exemplo, o Zé Maia e a Ana Maria Brito Maia vão presenteando-nos com as suas exposições, com fotografias e pinturas, caricaturas, enfim, arte. Isto é bom.
Porém, julgo que o talento de Ovar não se esgota nos museus e salas de espectáculo e exposições, vejo muitas valências de vareiros a diluírem-se entre os feeds de notícias do Facebook. Nomeadamente, ao nível da fotografia. Por isso, questionei-me de uma coisa, que engloba duas. Se Ovar necessita aparecer, ser resposta nos olhares das pessoas, e há tão bons fotógrafos cá, porque não criar um prémio de fotografia, apenas válido para fotografias de Ovar? Numa primeira edição, possivelmente, atrairia apenas fotógrafos de Ovar, mas e nas posteriores, como seria?
Imaginem, na conjuntura actual, ofertar um prémio, por exemplo, de 3.000€ para a melhor fotografia de Ovar e, depois, ainda prometer a divulgação da participação de todos, com uma exposição no Centro de Artes, no Museu de Ovar, no espaço empreendedor ou na escola de ofícios. Mais, se a iniciativa cresce e se divulga, outros fotógrafos, de fora de Ovar, com certeza irão procurar a nossa cidade para dar aso ao seu gosto à fotografia, sabendo que podem arrecadar dinheiro com isso. Mais, talvez façam com que as exposições dos participantes se alarguem a outras cidades, a outros públicos, e isso ajude a promover a nossa cidade.
O prémio, assim, não seria um gasto, mas muito mais um investimento em divulgação. E isto é só uma ideia minha, que tinha a magicar. Libertei-a aqui, perdendo a posse dela, para que outros a possam completar ou aniquilar. Só me interessa o bem de Ovar.
Ricardo Alves Lopes (Ral)
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