No dia do centenário do seu nascimento, os filhos prepararam-lhe uma homenagem para a qual convidaram muitos outros familiares, amigos e autarcas. Serafim Andrade começou cedo a trabalhar, aos dez anos, na Casa Delmar, em Ovar, mas aos vinte foi para o Porto onde se viria a empregar na Vilarinha, uma loja de “mobiliário artístico”, fundada em 1876 pela família Mota.
Marília Andrade explicou que esta “era uma homenagem devida ao meu pai, acima de tudo por ser um vareiro que nunca se esqueceu da sua terra, mas também por ser um exemplo para a comunidade e para as novas gerações, porque começou cedo a trabalhar e foi sempre a subir”.
Serafim Andrade casou aos 25 anos e em dezembro de 1951 já estava a embarcar para África, onde viria a arrancar a sua atividade empresarial, fundando a Cristália, uma pequena fábrica de vidros e espelhos. Sob sua batuta, a Cristália diversificou a sua atividade, apostando na importação e comercialização de equipamentos para a indústria e construção civil, tornando-se uma referência do setor, nas décadas de 1960/70, em Angola.
Em abril de 1974, adquire a Fábrica do Carvalhinho, no Porto, e pouco depois a Quinta de São João, em Gaia. “Embora fosse uma pessoa muito discreta, de um tributo assim sei que ele ia gostar, assim como gostava de azulejos e até deu nome a uma sala no Museu de Ovar”, referiu a filha.
Nunca parou e, em 2000, arranca com a construção do Retail Park Olho Marinho, zona comercial com grandes espaços, lojas e zonas verdes em Ovar. Ao lado dos irmãos Rui e Jorge Ezequiel, Marília recordou que “mesmo aos 89 anos, o meu pai ainda trabalhava”.
O seu lado altruísta levou-o a contribuir para os Bombeiros Voluntários e Museu de Ovar que marcaram presença na homenagem do passado sábado organizada pelo sobrinho Abel Andrade, durante a qual foi inaugurada a reprodução escultórica de um azulejo em ferro, colocado numa das entradas do espaço comercial.
Presente na sessão, o presidente da Câmara Municipal de Ovar lembrou o contributo de Serafim Andrade para “o crescimento da nossa comunidade”, recordando que foi ele quem lançou a semente do Retail Park. “Foi alguém que tinha espírito empreendedor, num tempo em que nem havia ajudas do poder público.” “Foi esse espírito empreendedor que o fez crescer e a Câmara de Ovar está ao lado de quem quer crescer”, mas frisou que “quem cria a riqueza são as empresas e os nossos empresários”, concluiu Domingos Silva.
