Estarão as criptomoedas loucas?
Se muitos novos investidores foram surpreendidos pelas quedas expressivas da última semana, os mais experientes ter-se-ão lembrado de janeiro de 2018, quando aconteceu a primeira grande derrocada no valor da bitcoin.
Há três anos, o que precipitou a queda da moeda virtual, depois do pico alcançado em dezembro de 2017, não foi claro. Porém, actualmente, os factores que influenciam as subidas e descidas das criptomoedas são um pouco mais evidentes: investir é agora uma experiência social e as discussões na internet ditam cada vez mais o rumo das bolsas. Se vir a bitcoin a subir ou a descer muito, é provável que encontre explicação numa breve pesquisa no Google.
Dito isto, o crescimento no número de pequenos investidores particulares tem gerado um novo tipo de fenómeno: o dos investidores-influencers. É o caso de Cathie Wood (Ark Invest) com as acções de tecnologia, de Chamath Palihapitiya com as SPAC (empresas cotadas em bolsa com o objetivo de adquirirem outras empresas, geralmente startups) ou de Elon Musk (Tesla) com as moedas virtuais.
Foquemo-nos neste último. Musk é conhecido por ser um gestor controverso. Nos últimos anos, viu-se envolvido em várias polémicas, mas a genuinidade da atitude não lhe tem custado muito. É considerado o homem mais rico do mundo. E, por ser uma figura de culto, as suas mensagens no Twitter movem os mercados (e não só).
As decisões da Tesla, presumivelmente tomadas com a influência directa de Musk, puxaram pela generalidade dos activos virtuais. O mercado passou a valer mais de dois biliões como um todo. A subida teve ainda um efeito de “bola de neve”, atraindo novos investidores para a “mina de ouro”. As perspetivas de ganhos rápidos alimentaram ainda mais a subida, naquilo que, nos mercados financeiros, é conhecido por uma bolha.
O problema é que Musk terá perdido o interesse na bitcoin. Ao longo das últimas semanas, Musk passou a focar-se numa criptomoeda alternativa que derivou de uma piada na internet, chamada Dogecoin. A 10 de maio, a SpaceX, outra empresa de Musk, aceitou um pagamento em Dogecoin para pôr um satélite na lua.
A verdade é que mais de uma década depois da sua criação, a bitcoin ainda divide opiniões da comunidade financeira internacional. Não há um consenso sobre se a moeda vai realmente estabelecer-se no futuro ou se um dia a bolha vai rebentar.
A verdade é que alguns bancos tradicionais, como o Goldman Sachs e Morgan Stanley, que no passado duvidaram das criptomoedas, abraçaram a nova tecnologia e lançaram operações nesses activos para os seus clientes.