Clarisse Cruz espantou o mundo há dez anos
E de repente passaram dez anos sobre a prestação épica da vareira Clarisse Cruz nos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
A prestação de Clarisse Cruz na capital britânica (04.08.2010) preenche todos os requisitos para ficar assinalada na história do atletismo nacional e completa aquilo que é considerado o espirito olímpico.
A assistente administrativa da Câmara Municipal de Ovar, habituada a treinar todos os dias após finalizado o seu trabalho, chegou a Londres e lutou com as melhores atletas mundiais da sua especialidade, terminando num inesperado e surpreendente 11.º lugar.
Tinha então 34 anos quando chegou à final de 3.000 m obstáculos, após uma queda a meio da eliminatória, batendo o recorde pessoal por mais de 10 segundos, para 9.30,06. E, na final, acabou por ficar em 10ª (após desclassificação, por doping de uma russa) entre as 15 finalistas, com 9.32,44.
“Ganhar a atletas do top, para uma não profissional, foi o expoente da minha carreira. Agora, também me considero do topo mundial”, afirmou uma sorridente e orgulhosa Clarisse Cruz, sem nunca perder a sua simplicidade. Atrás da portuguesa ficou por exemplo a espanhola Marta Dominguez, campeã mundial em 2009.
Épico e inesquecível
Na eliminatória dos 3.000 metros barreiras, a vareira liderava a corrida quando ao saltar por uma das barreira, tropeçou e caiu.
Na última posição, ela levantou-se, cerrou os dentes e voltou. Lutou até ao fim pela quarta posição, que a classificaria para a semifinal, mas acabou ultrapassada pela espanhola Marta Dominguez.
Ainda assim, Clarisse, com o tempo de 9m30s06 melhorou a sua marca pessoal em quase dez segundos (9m40s30) e mesmo com a quinta posição conseguiu uma justa qualificação por ter tido um dos melhores tempos.
“Não sei como toquei no obstáculo, eu que tenho sempre cuidado. Já não é primeira vez que caio neste obstáculo da trave. Como bati com o joelho, deu para levantar e ir para frente. Depois, esqueci e foi o melhor que fiz. Ser das 15 primeiras nos Jogos Olímpicos é fruto de muito trabalho”, disse Cruz naquele dia.