Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga tratou obesidade com 175 cirurgias em 2017
O Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga (CHEDV) realizou em 2017 um total de 175 cirurgias bariátricas para correcção de problemas associados à obesidade, que a directora clínica desse equipamento considera “uma das epidemias do século XXI”.
Além dessas intervenções, o grupo de trabalho afeto ao Tratamento Cirúrgico Multidisciplinar de Obesidade nos três hospitais sob tutela do CHEDV – nomeadamente os de Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Oliveira de Azeméis – procedeu ainda a 689 consultas a utentes com excesso de peso.
“A obesidade é considerada uma das epidemias do século XXI, apresentando um impacto enorme em termos de Saúde Pública”, declarou à Lusa a diretora clínica do CHEDV, Elsa Soares.
A Cirurgia Bariátrica e Metabólica, vulgarmente conhecida como “cirurgia para emagrecer”, assume-se como o único tratamento verdadeiramente eficaz para a obesidade de grau II e III, permitindo corrigir não só o excesso de peso, mas também muitas doenças que lhe estão associadas, como a diabetes tipo 2, a hipertensão arterial, a hipercolesterolemia e a apneia do sono”, explica.
O grupo de trabalho que desde 2009 vem acompanhando os utentes obesos do CHEDV, que está reconhecido pela Direção-Geral de Saúde como Centro de Tratamento Cirúrgico da Obesidade e em 2017 foi distinguido com o Prémio Nacional de Diabetologia – envolve profissionais de Cirurgia Bariátrica e Plástica, Anestesiologia, Endocrinologia, Nutricionismo, Psicologia, Gastroenterologia e Fisioterapia.
A equipa é coordenada pelo cirurgião Mário Nora, que é vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia de Obesidade e Doenças Metabólicas e, consoante as características do doente acolhido no CHEDV, adota no respetivo tratamento técnicas como o ‘bypass’ gástrico, a Gastrectomia vertical (conhecida como ‘sleeve’), o ‘duodenal switch’ (que associa gastrectomia vertical e desvio intestinal) e o ‘SADI-S’ (método preferencial para pacientes com obesidade supermórbida).
Qualquer que seja a cirurgia adotada, contudo, Elsa Soares diz que é regra adotar-se “a abordagem minimamente invasiva, por laparoscopia”, o que implica “menos dor, mais estética, menor internamento e um regresso mais precoce à vida ativa”.
Além dessa componente assistencial, o Centro de Tratamento de Obesidade do CHEDV tem também promovido formação internacional pré e pós-graduada sobre técnicas cirúrgicas bariátricas e metabólicas, desenvolvendo ainda investigação própria “através da publicação dos resultados da sua atividade em revistas da especialidade e da participação em ensaios multicêntricos internacionais”, envolvendo instituições de Madrid, Friburgo e Londres.
Essa investigação clínica passa também por protocolos com o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, com a Unidade para a Investigação Multidisciplinar em Biomedicina da Universidade do Porto e com a Faculdade de Saúde e Ciências Médicas da Universidade de Copenhaga.
Desde a sua criação em 2009 até ao final de 2017, o grupo de tratamento cirúrgico multidisciplinar de obesidade do CHEDV já realizou um total de 10.639 consultas.
Os dados quanto ao total de cirurgias bariátricas só estão compilados até ao final de junho de 2017, mas até essa altura o Hospital da Feira já operara 2.350 pacientes, recomendando ainda 837 intervenções plásticas.
A expectativa actual é de que, na sequência de um total de 175 cirurgias de emagrecimento em 2017, o CHEDV possa em 2018 aumentar para 200 o número dessas intervenções.