Centro de Arte de Ovar apresenta “Demónios” de Lars Norén
O Dia Mundial do Teatro – 27 de março – é assinalado pela Câmara Municipal de Ovar com a subida ao palco do Centro de Arte, neste sábado, dia 28 de março, pelas 22 horas, de uma peça de teatro aclamada pela crítica: “Demónios” de Lars Norén.
Frank e Katarina não têm filhos, têm trinta e muitos anos e uma relação de nove anos. Vivem num apartamento fino, mas desleixado.
Jenna e Thomas vivem no apartamento de baixo; são da mesma idade, têm dois filhos e as intermináveis pequenas desgraças que se abatem numa pequena família normal.
No dia do Funeral da mãe de Frank os dois casais convivem pela primeira vez. O jovem casal, aparentemente feliz e extenuado com as crianças, caminha para o inferno da relação de Frank e Katarina. O serão começa como uma espécie de reunião amigável de dois casais e tropeça num encontro de passos em falso não planeados. Os quatro enredam-se numa trama de humilhações, provocações sexuais, confissões inesperadas e ataques exibicionistas. A solidão agressiva do casal sem filhos abala o suposto idílio do outro casal. Esta tensão sexual pelo outro, que, após centenas de cruzamentos nas escadas, transforma-se numa fantasia contínua, não pode ser expressa de forma catártica. Descamba em tentativas confusas e embaraçosas de uma vida desinibida e selvagem. O medo da solidão, o aborrecimento da relação e as esperanças arruinadas de uma revigorante mudança constroem uma prisão onde os demónios da vida escondem numa vida quotidiana de mesquinha maldade, rancor desajeitado, ameaças de separação e impotência sexual.
Das várias criticas que “Demónios” acolheu, destaque para a de Jorge Louraço Figueira, do “Público”: “A peça caminha para um clímax de teatralidade que vem sendo cuidadosamente preparado pelos atores, em andamentos precisos, encenados com discrição, de patamar de agressão em patamar de agressão, até ao choque frontal. Quando Frank despeja a urna sobre Katarina, o que acontece é um gesto teatral e um facto fictício, mas ambos mais reais do que o real. O ato sucede aos atores como se eles fossem as personagens, e aos espectadores como se eles fossem os atores. À medida que o espetáculo crescer, este curto-circuito eletrizará as plateias.”