“Castelo” em vias de ser devolvido à cidade (DA)
A Praça das Galinhas converteu-se, nos últimos anos, num dos locais mais aprazíveis da cidade de Ovar e dos favoritos de quem a visita. Não haverá ninguém que, num qualquer dia de fruição solar, numa das suas esplanadas, não tenha pousado o olhar no Torreão (ou Castelo) que se ergue sobre a praça (Largo Mouzinho de Albuquerque).
O seu visível estado de degradação contrastava quase sempre com os comentários das suas subaproveitadas potencialidades, nomeadamente, turísticas. Pois bem, o “Castelo de Ovar” surgiu, estes dias, pintado de fresco, o corrimão em ferro que o envolve também, as caixilharias, as portas e toda a envolvente que compreende um magnífico pátio, estão a ser arranjadas e começam a ter um aspecto mais consentâneo com o que o futuro lhes poderá trazer.
Adquirido no pós-25 de Abril, o Torreão pertence ao Museu de Ovar e as obras que nele decorrem serão, porventura, a ponta visível de uma revolução que decorre no interior do próprio museu. Como se o “Castelo”, construído em meados do Século XX por um abastado comerciante ovarense, fosse mais uma das suas peças a carecer de atenção.
Manuel Cleto, presidente da direcção do Museu de Ovar, não sobreavalia a estrutura em termos históricos. “Foi um comerciante de vinhos de Ovar que o mandou construir em 1938”. “Estamos a ver o que podemos fazer no pátio circundante”, explica o responsável que tem várias ideias que poderão vir a concretizar-se, desde a instalação de uma cafetaria e uma esplanada junto ao Torreão que, além de tudo, proporcionaria uma vista fantástica sobre o largo e a cidade. “Seja o que for que vier a ser aqui feito, terá que ser uma mais-valia para o próprio Museu de Ovar”, garante, sem adiantar muito mais.
Obras de beneficiação
No edifício do próprio Museu de Ovar estão, também, a decorrer obras de beneficiação, nomeadamente ao nível do telhado, das salas e do arquivo que já estava a meter água. “Era uma urgência e uma necessidade”, justifica Manuel Cleto, pois, em vários pontos do edifício, o tecto ameaçava ruína e, noutros, já tinha caído mesmo. “Estas instalações são antigas e temos aqui obras muito valiosas que nos obriga a ter desumidificadores a trabalhar 24 horas por dia”.
De seguida, a parte a ser intervencionada será a fachada do Museu virada para a Rua Heliodoro Salgado. “Gostaríamos de acrescentar um andar ao imóvel da esquina e aí criar uma entrada para o Museu de Ovar, mas não podemos gastar o dinheiro todo”. Manuel Cleto tem bem presente os dias, que não vão muito longe, em que nem dinheiro havia para pagar às duas funcionárias que “estiveram cinco meses sem receber”. O cenário inverteu-se depois de ter recebido parte da herança de um milionário vareiro radicado em Nova Iorque. Orçadas em cerca de 50 mil euros, as obras, os trabalhos decorrem, “mas queremos deixar sempre um pé-de-meia a pensar no futuro”.
55 anos do Museu de Ovar
Fundado em 22 de Janeiro de 1963, o Museu de Ovar está a assinalar 55 anos de vida.
Uma obra já concluída e que ajudou a catapultar o Museu para uma outra visibilidade, foi a Sala dos Fundadores onde antes era um espaço sem grande aproveitamento. “Quando pensei em criar aquela sala, disseram-me que era tolo, mas hoje reconheço que tem ajudado a dar a conhecer o Museu de Ovar”. Ali decorrem agora tertúlias com escritores e poetas, dinamizadas pelo poeta vareiro Carlos Granja.
Com 70 lugares sentados, tem recebido a visita de Sérgio Godinho, João Tordo, Mário Zambujal, entre outros, e “isso dá grande visibilidade sem quaisquer custos para o Museu”. Estes nomes têm trazido notoriedade ao Museu de Ovar, pois são personalidades mediáticas.
Ler artigo completo in Diário de Aveiro / artigo de Luís Ventura com fotos de Paulo Ramos