Carlos Nuno Oliveira, obrigado! – Ricardo Alves Lopes
Não tenho tido por hábito mencionar pessoas nos meus textos, todavia as regras, por nós criadas, fazem pouco sentido se não tiverem excepções.
Hoje, este texto é de excepção. Não sou amigo próximo do Carlos Nuno Oliveira, ou sequer sou amigo. Conheço-o, certamente melhor do que ele conhece a mim, pelo trabalho que tem feito pela cidade, tantas vezes oculto.
Não tenho nada contra a diversidade de gostos, até fico feliz que ela exista. A nossa sanidade e experiência de vida vem disso, dessa diferença natural e elogiosa com que as pessoas olham a vida. A nossa cidade, apesar de este texto tratar uma prerrogativa, não é uma excepção. Existem muitos apreciadores de música, seja na vertente brasileira, electrónica ou alternativa, outros tantos na área do desenho e fotografia, muitos no desporto e em outras áreas que aqui não refiro, mas não há tantos assim na área da literatura. Isso não é mau nem bom, mesmo que a literatura seja fundamental à culturalização de um país e uma cidade. São gostos, apenas.
Porém, a mim, sendo uma área que me fascina, quer pelos livros maravilhosos que vou lendo, pelas viagens únicas por palavras que sonhava um dia ser capaz de conceber ou pelas possibilidades que tenho tido de ouvir as opiniões e experiências desses ex-líbris da nossa cultura que são os escritores, compete-me uma palavra ao Carlos Nuno Oliveira.
Homem de trato fácil e simpático, tem-se aventurado pela escrita, com destreza e arrojo, criando uma enormidade de livros de poesia e infantis. A entrega com que faz a promoção deles e do hábito da leitura, por escolas do país, faz com que mereça de minha parte uma palavra do tamanho do mundo. Talvez, maior. Portugal precisa de quem incentive a cultura, quando ela chega a parecer supérflua, graças às castrações sistemáticas dos impérios financeiros. Mas não é só por isso que ofereço o título de hoje ao nome do Carlos Nuno Oliveira.
Para muitos, serão nomes sem expressão, mas para quem tiver algum interesse nesta área, compreenderá bem o relevo que tem para a cidade a vinda de nomes como Afonso Cruz, João Tordo, Maria do Rosário Pedreira, Teolinda Gersão, Francisco José Viegas, Carlos Campaniço, entre tantos outros que estão a passar pela 25ª Feira do Livro ou que passaram pelo À Palavra no Museu, Há Poesia e Comunidade de Leitores. O Carlos Nuno Oliveira tem estado sempre por detrás destes eventos, oferecendo o rosto, a voz e eloquência a maravilhosas conversas com pessoas que pertencem a o meu imaginário literário, mas também ao meu imaginário quotidiano e enquanto pessoa.
Por tudo isto, necessitava, a bem da minha consciência, fazer este texto de agradecimento. Não é nenhum tipo de bajulação, mas confesso que é feito com uma intenção.
Carlos Nuno, suponho que não será fácil sentir a falta de reconhecimento pelo tanto que se tem feito, mas não posso deixar de responder a uma questão que colocou no seu mural, sem que eu tivesse interferido. Vale a pena continuar o trabalho, claro que vale. Primeiro, por si, pois julgo que o seu gosto e amor no que faz é inegável. Depois, porque, mesmo no silêncio, existem pessoas que vão admirando e regozijando com o tanto que vai oferecendo à cidade. Mesmo que nem sempre a cidade compreenda.
Da minha parte, um muito grande e sincero obrigado, com votos que continue sempre.
Ricardo Alves Lopes (Ral)
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