“Bateu Matou” é quase uma Selecção (da música) Nacional
Fomos ver ao vivo o projecto de que se fala. Desenvolvido por Quim Albergaria, que conhecemos dos Paus, por Rui Pité (Riot), um dos fundadores dos Buraka Som Sistema, e por Ivo Costa, produtor e baterista de Sara Tavares ou Batida lançaram muito recentemente o EP “Chega”. “O disco saiu em meados de Maio, mas para mim foi como se tivesse saído ontem, porque estamos mesmo no pique inicial de lançamento”, diz Rui Pité, em entrevista ao OvarNews. “Está a correr muito bem, a avaliar pela reacção das pessoas no Youtube e na rádio, que têm sido excelentes até agora”.
Em Aveiro, deram o seu terceiro concerto. “Ainda não estamos a chegar ao vivo às pessoas”, confirma Riot, confirmando que os outros dois foram no Lux, em Lisboa. “Mas estamos desde 2018 a trabalhar, e embora fosse um concerto num formato ligeiramente diferente, já estávamos a tocá-lo ao vivo”.
“Chega” é, afinal, um disco que é filho da pandemia e isso remete-nos para a origem de tudo. “A nossa proposta inicial era juntar três amigos bateristas que sempre quiseram tocar juntos, o que é um pouco difícil de gerir”. Sendo amigos e resumindo, “gostamos um dos outros e queríamos trabalhar num projecto comum”. “Como eu sou produtor, o Ivo também e o Albergaria também decidimos que seria engraçado formar uma uma banda de baile novo, o 2.0, ou seja, fazer sets de DJ de 30 ou 40 min sem parar, versões de canções que as pessoas conhecem e outras que nem tanto, alguns originais, e isso funcionou bastante bem no MusicBox”. As noites estiveram todas esgotadas e foi aí que eles se viraram uns para os outros e concluíram que valia a pena. O projecto acabou por nascer aí embebido em ritmos afro, tambores e computadores.
No meio dessa confusão, adiciona Rui Pité, “verificamos que estávamos a criar canções sem querer, com refrão, parte e parte b, tudo”. E faltava o quê a estas canções de teor pop?”, perguntamos: “Faltavam vozes. E era preciso alguns convidados para preencher essa lacuna”. Olhando pelo retrovisor, Rui Pité declara que “este método acaba por ser libertador, porque podemos fazer qualquer tipo de som e só a seguir é que vamos buscar alguém para cantar”. Estavam os três neste ponto, quando a pandemia ataca mais forte, os concertos ao vivo são cancelados e aquilo que seria uma ideia de lançar apenas um single, evolui para fazer mais música até terem um punhado de temas que dava para um álbum.
Depois, o leque de nomes que surge no disco pertence à mais fina flor da actual música nacional e inclui Héber Marques, Papillon, Irma, Pité, Scúru Fitchádu, Toty Sa’med, Favela Lacroix e Blaya. “Tivemos a sorte de reunir um naipe de pessoas que, apesar de terem os seus projectos, planos e coisas para fazer, abordamos na altura certa, aceitaram e estamos muito felizes porque correu lindamente”. O melhor que Riot pode dizer da cumplicidade gerada por estas almas “é que estas músicas, hoje, são tão nossas quanto deles”.
Rui Pité está mesmo concentrado nos Bateu Matou e enquanto assim for “os nossos projectos pessoais estão parados porque esta é a minha banda agora e, estando a funcionar tão bem, estamos super motivados”. Tal com o sucede com os outros dois companheiro, Rui Pité diz que é livre de “produzir para outras pessoas, mas estamos focados sem nunca fechar portas. Mas eu acho que, mesmo no futuro, sempre que surgir uma voz fixe, vamos sempre pensar em fazer uma cena com Bateu Matou”.