Bandopipo transforma a degustação de vinho numa jornada sensorial
Vibrações do instrumento afetam o vinho, proporcionando um estágio musical
Rui Salgado Carreira, vice-presidente do Grupo de Bandolins de Esmoriz, explica que, “complementarmente, foi desenvolvido um conceito de concerto musical Pipacústica que integra este instrumento solista”.
Estaríamos por volta 2018 quando surge a ideia de juntar a arte da Tanoaria, típica em Esmoriz, à arte da música e dos instrumentos da Orquestra. “E porque não criar um cordofone a partir de um pipo?”, questionou Eurico Silva, o o criador do conceito. Numa primeira fase parece uma brincadeira, mas “à medida que fazemos a ideia crescer não se vê outra forma mais bela de conservar e exaltar este património de trabalho e cultura”.
Passados cinco anos, em 2023, finalmente deu-se início ao projeto juntando dois luthiers. “Mas antes”, lembra Eurico Silva, “foi preciso a ideia do meu tio António Silva, que trabalhou toda a vida com a tanoaria, e me disse algo como: “o que queres só funciona com um pipo dividido e com maior tamanho. Só há uma pessoa que conheço que o consiga fazer.”
Essa pessoa é Manuel Magalhães Nunes, o primeiro luthier a construir um pipo adaptado que permite cumprir a premissa de poder armazenar líquidos e ao mesmo tempo poder ser um instrumento vibrante em todo o seu corpo. O segundo, um velho amigo músico, o Tico, que junta ser luthier, engenheiro e disponível para desafios, que já em 2018 disse alinhar nesta criação.
Passados 8 meses de amadurecimento e experiências, o Bandopipo fez-se instrumento, um cordofone com afinação igual a uma bandola, com um timbre muito próprio, boa projeção de som por 2 orifícios no corpo do pipo, e que ainda consegue conter mais de dois litros de líquido no interior.
A chegada deste instrumento à Orquestra de Bandolins de Esmoriz tinha que merecer um espaço e um repertório próprio. “Três compositores ou três castas artísticas como o vinho, João Martins, Pedro Martins e Luís Sá, aceitam o desafio e escrevem uma peça para
Bandopipo e orquestra composta por três momentos onde recriam com música o percurso do vinho, desde a construção do pipo, a vinha, a vindima, a produção, culminando com a alegria da partilha de um copo em amizade”, descreve Eurico Silva.
O concerto é adaptado ao vinho escolhido e apresenta uma suite musical originalmente composta que apresenta as diferentes etapas do vinho. “Suite Bandopipo” é um concerto inovador que transforma a degustação de vinho numa jornada sensorial inesquecível.
A Suite Bandopipo: Uma Jornada Musical
A “Suite Bandopipo” é uma obra composta por vários movimentos que narram a história do vinho, desde a produção do pipo até o brinde final. Cada movimento é cuidadosamente orquestrado para refletir diferentes estágios da vinicultura: