Saúde

Bactérias probióticas ajudam a controlar o excesso de peso

4 de março, Dia Mundial da Obesidade

Conceição Calhau, professora catedrática da NOVA Medical School e investigadora do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde – afirma que algumas bactérias que habitam o nosso intestino podem ter um papel preponderante na prevenção e tratamento do excesso de peso e da obesidade, doenças que, no seu conjunto, afetam mais de metade da população portuguesa.

A investigadora, que também é coordenadora da Licenciatura em Ciências da Nutrição da NOVA Medical School, explica que “a microbiota intestinal é constituída por triliões de micro-organismos, entre os quais bactérias, fungos, vírus, em número equivalente às células humanas, e que contribuem para o equilíbrio do organismo”. Acrescenta que, quando esta vasta comunidade de micro-organismos entra em desequilíbrio (disbiose), podem ocorrer uma série de alterações metabólicas, não só associadas à obesidade, como a doenças neurodegenerativas, diabetes, cancro ou doenças cardiovasculares.

“A disbiose em doentes com excesso de peso e obesidade tem sido amplamente estudada nos últimos 15 anos. Está provado que a microbiota saudável é crucial na regulação de vários processos fisiológicos, entre eles os envolvidos no controlo do apetite”, refere Conceição Calhau. Entre os fatores que podem levar a este desequilíbrio do ecossistema intestinal estão, por exemplo, os estilos de vida, a dieta, a atividade física, a exposição a medicamentos (antibióticos, por exemplo), o stresse e a qualidade do sono, sublinha a investigadora.

Bactéria Hafnia alvei HA4597 é promissora 

De acordo com Conceição Calhau, a investigação biomédica está cada vez mais focada na microbiota. Recentemente foram publicados estudos clínicos e pré-clínicos que demonstram que “a administração crónica de uma bactéria produtora de ClpB está associada à perda de peso, com diminuição da hiperfagia e ativação da lipogénese no tecido adiposo”, mesmo quando há exposição a uma dieta obesogénica, que induz o aumento de peso.

A proteína ClpB é produzida pelas enterobactérias Hafnia alvei. Atua no controlo do apetite, suprimindo a fome, e tem a capacidade de comunicar com os neurónios responsáveis pela sensação de saciedade, ao nível do hipotálamo.

“A bactéria Hafnia alvei HA4597 apresenta-se como um probiótico promissor na gestão de peso, quer em pessoas com excesso de peso, quer em obesos”, remata a investigadora Conceição Calhau.

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