Atletas de Valdágua estiveram em formação
12 atletas e 2 treinadores da Associação Cultural e Recreativa de Valdágua participaram nas diversas sessões das jornadas de formação que a Associação de Atletismo de Aveiro (AAA) organizou nos meses de outubro e novembro e ainda no primeiro dia de dezembro.
A formação decorreu na Pista da Universidade de Aveiro aos sábados, com duas sessões, uma de manhã e outra de tarde, e mais uma na manhã dos domingos.
As sessões foram orientadas por técnicos convidados pela AAA nos quais se incluiu o técnico da Associação de Valdágua, José Eduardo que orientou as sessões de marcha atlética. Outro técnico, António Sá participou enquanto formando nas jornadas dedicadas ao meio fundo.
Na velocidade foi convocada Cátia Oliveira. No meio fundo participou Laura Regalado e Tomás Silva. Nas barreiras Mariana Conde. Nos saltos Mariana Conde, Tiago Martins, Isabel silva e Luís Pereira.
Nos lançamentos Ana Pinho, Patrícia Silva, Rosário Silva e Sónia Rodrigues. E na marcha atlética Beatriz Carvalhas.
A Associação de Valdágua foi um dos clubes mais representados nestas jornadas.
Não somos uma ilha, somos parte, integrante e viva, de um país em dificuldades sentidas.
A natalidade, por cá, ao sul da Europa, anda em queda, desce como se o clima quente já não fosse profícuo ao desenvolto dos corpos, à agremiação de famílias numerosas. No tempo dos meus avós, que não é um tempo assim tão antigo, dois filhos eram coisa pouca, não raras vezes amavam-se para filhos em catadupa. Cinco, seis, algumas famílias a chegarem e a passarem a dezena de filhos. Eu sou filho único.
Uma família de três filhos é uma pequena loucura, uma irresponsabilidade, quase, dizem os entendidos na gestão familiar. Fraldas, escola, livros escolares e material, mochilas e roupas, actividades extracurriculares, alimentação e cuidados básicos, tudo são despesas. E caras!
Por exemplo, em Maio último, fiz um pequeno périplo por França, pela capital e por algumas cidades na zona norte dos Alpes, e a surpresa foi inevitável. A cada casal jovem, um carrinho de bebé, amiúde outro, já mais crescido, pela mão. Quedei-me, numa esplanada, saboreando um cozinhado e olhando a passagem das pessoas, a agitação das montras e pensei: por lá, já não há disto. Não me referia unicamente à agitação das lojas, ao aglomerado de pessoas no seu interior, referia-me, especialmente, ao passear de carrinhos de bebé e crianças pequenas, miúdos.
Vivo em Portugal, mas não vivo em Portugal inteiro. Divido a minha vida entre Ovar e Porto e compreendo as diferenças. No Porto, sobremaneira, a juventude povoa as horas que por lá passo, as noites após o dia de trabalho. Os dias conheço-os melhor em Ovar e existem crianças, como prova de várias pessoas próximas a mim que têm os seus rebentos em crescimento, lindos e saudáveis. No entanto, questiono-me qual o futuro disso. As crianças ainda existem, os adolescentes também, mas com uma diferença. A minha geração é, quase na totalidade, ida. Sempre fui feliz com a quantidade de amigos que tenho, muitos, variados, divertidos, porém, hoje, salvo momentos, de quando a quando, já não somos tantos.
França, Irlanda, Angola, Suíça e Inglaterra são só alguns exemplos das novas pátrias deles. Os adolescentes, quanto tempo levarão até a esse momento? Ficarão cá a aguardar pela mudança dos ventos, susterão as ânsias de oportunidades a bem de um país que, por demasiadas vezes, os renega?
Não sei a resposta a isso, apesar de por cá ir ficando. Outro factor, que tem sido discussão ultimamente, é o triste sombrio do nosso centro urbano, que na minha tacanhice vou tentando relembrar nestes textos, e que tem levado os jovens de Ovar a migrarem dentro do país. Porto, Lisboa, Évora, mesmo Portimão, são exemplos de cidades cá dentro que nos levam jovens. Estou a referir-me exclusivamente a pessoas com quem tive algum tipo de relação próxima, não estou a basear-me em conhecidos de conhecidos.
Assim, quando, por vezes, me acusam de exclusivamente me preocupar com trivialidades de diversão, eu pondero se tomam nota que isso é um dos factores que prende jovens. E um jovem de dezasseis anos, por muito que ainda seja um rapazola, está a menos de dez anos de se iniciar na sua vida profissional, juntando as dificuldades económicas do país a uma cidade cinzenta, esquecida da diversão, sem ser nos meses de Carnaval, estará disposto a por cá ficar?
Não sei, mais uma vez, apesar de por cá me manter. Quando falo em diversão, não falo somente em festas e copos, falo em vida, em agitação, em urbanidade, em modernização. De hoje para amanha, passaram dez anos. Onde estarão, aí, os jovens de hoje?
Uma cidade não se vende só pela sua diversão, mas vende-se, essencialmente, pela sua agitação. Sendo aberta ao investimento, traz, obrigatoriamente, pessoas. Tendo mais pessoas, residentes ou não, porque não abrir-se à agitação urbana?
Não me julguem por menino inconsequente, que também o sou, julguem, antes, a cidade por um todo. Porque a cidade dura desde sempre e alguns já têm mais anos do que eu e já viram vagas de emigração das nossas gentes sem a cidade morrer, no entanto os tempos são diferentes, as necessidades são diferentes e as visões são diferentes. E isso não é melhor nem pior, é a realidade. E é com a realidade que temos que viver. Mas como um todo, a realidade é um todo e Ovar é um todo. Lembrem-se disso.
Ricardo Alves Lopes (Ral)
http://tempestadideias.wordpress.com
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ILUSTRAÇÃO de autoria de PintoLuis