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Alceu Valença reaproximou-se do violão

Músico tocou no Centro de Arte de Ovar

Tal como sucedeu com os vareiros, o vírus apanhou Alceu Valença de surpresa. Tinha acabado de regressar ao Brasil. Estavamos em janeiro de 2020 e Alceu tinha dado dois concertos em Portugal. “Eu e os músicos começámos com alguns sintomas. Depois testámos e demos positivo, eu, a minha mulher e o meu filho também”.

Isolado e confinado à sua casa no Rio de Janeiro, numa altura em que a pandemia começava a fechar o Mundo, o músico brasileiro de 75 anos voltou “a reaproximar-se do violão como já não o fazia há muitos anos”, diz, e compôs muitos dos temas que estreia nesta tour.

Ontem, em Ovar, Alceu Valença apresentou dois temas inéditos escritos no confinamento, de sua autoria, “Era Verão” e “Sem Pensar no Amanhã”, mas também interpretou temas de Luiz Gonzaga (1912-1989), como “Pau-de-Arara”, “Sala de Reboco” e “Sabiá”, e temas do seu repertório como “Belle de Jour”, “Anunciação”, “Tropicana”, “Táxi Lunar”, “Coração Bobo”, ­“Marim dos Caetés”, “Ladeiras” e “Papagaio do Futuro”.

O espectáculo que o traz de volta ao nosso país traça o que Alceu Valença chama de “roteiro cinematográfico”, onde o artista caminha pelo solo sempre fértil de suas criações. Como não há vírus capaz de deter a poesia, as canções entrelaçam-se numa viagem conceptual e geográfica através da música e da identidade do cantor e compositor: de Recife a Olinda, do agreste ao sertão, passando por Rio, São Paulo, Minas, Brasília e Lisboa, entre outras cidades que servem como inspiração permanente para a arte de Alceu Valença.

Foi a primeira de duas noites esgotadas numa sala sedenta de ritmos quentes que fez sempre questão de o acarinhar ao longo do espectáculo.

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