Acerca da Covid 19 – José Carlos Silva
Acerca da Covid 19 (vale o que vale…ninguém está livre…nem eu, nem Ovar…nem para lá de Ovar, por esse Portugal e por esse Mundo fora):
1) Estou convicto que, se fosse o carnaval o “trigger” (ou “gatilho”) a despoletar isto em Ovar, teria começado cerca de 2 semanas mais cedo e nem quero pensar nos números de infetados e de óbitos no concelho e arredores…com a agravante de que, nessa altura, o país ainda não tinha a sensibilidade que tem, atualmente, para o problema.
2) Então qual terá sido o “ponto zero” da pandemia em Ovar? Não querendo dizer que foi este caso…quando ouvimos e lemos na comunicação social, que só um caso positivo (o primeiro de que tive conhecimento), foi 3 vezes às urgências de um hospital (com quantas dezenas de pessoas terá havido contacto?), frequentava uma escola secundária (potencial contacto com e entre centenas de alunos, dezenas de professores e de auxiliares de ação educativa…que depois, por sua vez, têm potencial contacto com as respetivas famílias e não só), tem um irmão que frequentava outra escola (mais potenciais contactos com alunos, professores e auxiliares de ação educativa e estes com os respetivos familiares e não só)´e que joga futebol num clube desportivo (potencial contacto com treinadores, outros jogadores e estes com os respetivos familiares e não só), tem uma mãe (também ela que esteve infetada) que trabalha numa empresa do nosso concelho (potencial contacto com centenas de funcionários e estes com os respetivos familiares e não só) será assim tão difícil de compreender o estado de calamidade no nosso concelho? Não estou a dizer que este caso é o “culpado” de tudo, estou apenas a exemplificar o potencial de um caso que foi, efetivamente, confirmado, em propagar a doença pelo nosso concelho e arredores. E se pensarmos, por exemplo, nos 7 médicos do centro de saúde de São João de Ovar, infelizmente, infetados e as dezenas ou centenas de utentes com quem terão mantido contactos quando ainda não sabiam que estavam infetados (e esses utentes com os respetivos familiares e não só)…será mesmo necessário “culpar” o nosso carnaval desta situação que a todos nós, vareiros, assombra e assusta?
3) Noutro patamar, atrevo-me a dizer que não entendo o porquê do nosso governo ter tomado (e continuar a tomar) medidas “a conta-gotas” só porque estudos mostram que existem diversas fases na propagação de doenças como a Covid-19…então, se estávamos em fase de contenção, tomavam-se as medidas A e B…não se podiam tomar as medidas P, Q, R ou S, porque essas eram medidas que só se tomariam na fase de mitigação, quando o número de casos fosse muito maior e o número de óbitos também…tretas! Quando se trata de algo completamente desconhecido, até posso compreender este tipo de prudência…mas aqui já tínhamos os exemplos da China e da Itália…havia que ter parado tudo no nosso país para quarentena mais cedo para travar a propagação desta praga…e que dizer do que se passa agora nos lares de idosos, um após o outro? Vila Real, Maia, Resende, Ovar…e mais uma vez, são deixados e abandonados à sorte (ou azar) deles? Ah, e tal, são privados, têm que ter planos de contingência e atuar, o governo não tem nada a ver com isso…ah, e tal, as Misericórdias têm a sua autonomia própria e têm que atuar por elas…os nossos governantes e o nosso presidente da república, creio que, são-no (ou deveriam sê-lo) de todos os portugueses…e os idosos, então, que constituem, segundo as estatísticas atuais, a classe mais vulnerável à mortalidade desta nova estirpe de coronavirus, ainda mais precisam de toda a ajuda possível…
4) É, também, minha convicção, que em termos de atitudes para combater esta pandemia, Ovar se antecipou ao resto do país em muitas coisas…estou convencido que, sem o estado de calamidade, por exemplo (enquanto no nosso país estamos em estado de emergência, menos restritivo que o de calamidade), os números no nosso concelho (e concelhos limítrofes) seriam, ainda maiores…e estou convencido que ainda vamos ver muitos seguirem os exemplos do nosso concelho, em termos de medidas aplicadas no terreno para combater este virus…aliás, já temos ouvido nos últimos dias autarcas da Maia, de Gaia, de Gondomar e outros a solicitarem a instalação de cercas sanitárias!
P.S. – Continuo à espera do estado de calamidade que a Covid-19 vai motivar que seja instaurado na Mealhada, em Torres Vedras, em Loulé, em Sines, em Estarreja, no Funchal…no Rio de Janeiro…ou será que não existiu carnaval e grandes aglomerados de pessoas nessas cidades devido ao Carnaval? No Rio de Janeiro, se calhar, ainda vamos ver uma enorme calamidade…mas o carnaval já lá vai há mais de 30 dias! O virus tem um período de incubação de 14…não pioremos ainda mais a imagem da nossa cidade tentando associar este flagelo que nos assolou ao nosso carnaval…estejamos juntos e unidos (cada um na sua casa, claro), para ultrapassarmos isto, tão rápido quanto possível e com o menor número de infetados e, sobretudo, de baixas que for possível.
#FiquemEmCasa
José carlos Silva
Ovar