Covid-19Opinião

A Retoma Assistencial de Cuidados de Saúde Primários na Região de Aveiro – Pedro Almeida

A pandemia CoVid-19 ainda não terminou, mas temos todos, em conjunto, a consciência da necessidade de retomar a abrangência de cuidados de saúde e a atividade clínica do ACeS Baixo Vouga e que são a essência da nossa missão.

A data de início deste processo de retoma progressiva já se encontra anunciada: 1 de junho!

O panorama geral da nossa Região, no que diz respeito à pandemia CoVid-19, está bem melhor, depois de termos sofrido o maior impacto inicial nacional da infeção em causa, naqueles terríveis meses de março e de abril passados. No entanto, não nos podemos esquecer dum princípio base, o de prosseguir a partir do próximo dia 1 de junho: qualquer pessoa, seja utente ou profissional, pode ser veículo de transmissão do SARS-CoV-2.

E este é um princípio básico, que teremos de cumprir conjuntamente, se, depois de vencermos a batalha inicial, quisermos continuar vencedores nesta nossa longa caminhada contra uma grave ameaça sanitária.
O trabalho desenvolvido na esmagadora maioria das unidades funcionais que compõem o ACeS Baixo Vouga terá permitido reforçar a confiança da população nos nossos serviços.

Isso foi visível em todos os modelos assistenciais que dispomos e aos quais acrescentamos, recentemente, as nossas áreas AdC – Comunidade e AdC – Teste, bem como no acompanhamento próximo de todos os cidadãos suspeitos ou com infeção confirmada por SARS-CoV-2. Além disso, e muito importante igualmente, permitiram-nos reforçar os laços de colaboração e de solidariedade entre profissionais deste ACeS.

A atividade assistencial do ACeS Baixo Vouga foi crucial para garantir que os utentes inscritos tivessem obtido cuidados de proximidade. Deste modo, foi possível reduzir o recurso inadequado aos serviços de urgência hospitalares da nossa referência e preservando-os duma procura acrescida com consequências imprevistas.

Mais de 80% dos casos suspeitos e/ou confirmados de infeção na Região de Aveiro foram acompanhados pelas equipas de saúde familiar e estamos prestes a alcançar a impressionante marca de 15.000 testes realizado pelas nossas equipas!

Agora, temos de todos de regressar à atividade regular, apesar de grandes condicionalismos e num contexto de grande mudança e inovação.

Estamos perante um desafio adicional ao ACeS Baixo Vouga, mas, se soubemos organizar novos modelos assistenciais e de forma célere em março e abril, também seremos capazes de inovar a partir de junho próximo!
Esta é uma oportunidade única para o ACeS Baixo Vouga e para os seus profissionais. É um grande desafio para a forma como nos organizamos, como nos articulamos, como nos apresentamos perante as entidades que nos rodeiam e perante o cidadão e, sobretudo, para a forma como o vamos acompanhar e tratar.

O escrutínio não terminou. Só que seremos um ACeS Baixo Vouga diferente. Seremos unidades organizadas de forma inovadora e prestaremos serviços assistenciais de forma distinta, adaptados a esta nova realidade.
O regresso à atividade regular implica a implementação de várias medidas e procedimentos, para garantir a segurança dos utentes e profissionais de saúde. O sucesso das mesmas depende da colaboração dos cidadãos, o que, certamente, não é novidade para a maioria de vós. Neste sentido, torna-se essencial:

. promover o distanciamento físico entre pessoas nos espaços de atendimento e de circulação, bem como nas salas de espera, através da redução do número de lugares disponíveis para espera;
. educar os nossos utentes para o cumprimento rigoroso do horário marcado para a realização da sua consulta e para sua própria segurança, face ao menor número de lugares de espera sentados;
. avisar os nossos os utentes que dever-se-ão deslocar às unidades de saúde apenas com 5 ou 10 minutos de
antecedência, que é o tempo estritamente necessário para efetivação administrativo do seu ato;
. pedir a todos os utentes que se façam acompanhar apenas e quando for estritamente necessário;
. criar condições no exterior do edifício para garantir condições de distanciamento social e impedir aglomerados, tendo em vista a sua própria segurança; . utilizar e disponibilizar máscaras de proteção à entrada das unidades de saúde.

Neste retomar da normalidade possível, reforçamos que deverão continuar a ser privilegiados os canais alternativos de contato (email e telefone) entre as equipas de saúde e os utentes. As deslocações às unidades de saúde deverão ser limitadas, tanto quanto possível, para atos que não possam ser resolvidos sem ser presencialmente. Deste modo, ganham particular relevância algumas regras fundamentais de conduta:
. A segurança dos profissionais do ACeS Baixo Vouga e dos utentes deve ser um imperativo de conduta;
. Tranquilizar toda a população de que é seguro voltar às unidades de saúde, reduzindo o receio nestas
deslocações;
. Manter circuitos claros e distintos, capazes de prevenir o contacto de doentes infetados (ou com risco de
infeção) CoVid-19 com os restantes utentes das nossas unidades de saúde;
. Manter circuitos claros e distintos para resíduos hospitalares, reduzindo o risco de infeção cruzada;
. Reforçar o papel e a atuação dos Elos de Ligação do PPCIRA na adaptação dos circuitos internos;
. Reforçar o papel interventivo da Saúde Pública na atividade assistencial;
. Reforçar atividades domiciliárias, sejam realizadas por médicos ou por profissionais de enfermagem;
. Explorar a possibilidade de consulta aberta com rastreio telefónico para determinar a necessidade consulta
presencial;
. Explorar as potencialidades que a rede Wi-Fi-Utente permite (e que se encontra a ser instalada de forma
generalizada em variadas das nossas unidades de saúde);
. Preservar e alargar o recurso à telesaúde, aproveitando a disponibilidade atual dos nossos utentes para esta
forma de comunicação e interação na assistência de saúde;
. Informar e comunicar com os utentes acerca das alterações nas organizações dos cuidados prestados;
. Informar os utentes dos endereços de correios eletrónicos dos profissionais de saúde das respetivas equipas;
. Reforçar a articulação com os Serviços de Urgência Hospitalares, na assistência aos utentes triados de cor azul e verde naqueles serviços;
. Perceber que cada unidade de saúde tem uma realidade própria que deve ser devidamente avaliada e que
obriga a atuar em conformidade e de que a retoma será gradual e deve ser avaliada permanentemente.

E como vamos planear a nossa retoma?
. Nos últimos dias, todos os profissionais do ACeS Baixo Vouga têm sido “inundados” de orientações,
recomendações, circulares, planos e outros documentos orientadores que servem de bibliografia para nos
prepararmos individual e coletivamente para a mudança e para a retoma assistencial;
. Foi solicitada até 31 de maio a apresentação de Plano de Ação para a Retoma por Centro de Saúde, com o qual pretendemos:

O registar uma dinâmica de coordenação de atividades localmente semelhante àquela que obtivemos no decurso do processo pandémico; o identificar medidas que colmatem as deficiências orgânicas e funcionais das nossas unidades e que, naturalmente, sobressaíram em contexto de crise; o evitar planos avulsos de unidades funcionais, com respostas pontuais e discrepantes, independentemente dos ajustamentos a características distintas das populações que servem.

Na primeira semana de junho, pretendemos reunir com o Conselho Clínico e da Saúde os Conselhos Técnicos de todas as Unidades Funcionais e, mais uma vez, numa lógica de Centro de Saúde, bem como com as respetivas Autoridades Locais de Saúde. Este esforço terá os seguintes objetivos:
. Avaliação das propostas de plano;
. Avaliação dos timings propostos para implementação das medidas;
. Avaliação das propostas de reorganização do trabalho e seu impacto ao nível dos regimes e horários de
trabalho;
. Identificação das ações de comunicação externa;
. Identificação das necessidades diagnosticadas e que urge minimizar o seu impacto.

Seremos um ACeS diferente:
. Mais coeso;
. Melhor preparado;
. Mais digital;
. Mais eficaz;
. A prestar melhores cuidados;
. A obter melhores resultados em saúde;
. Mais presente, mesmo que de forma diferente.

Só depende de todos nós!

Pedro Almeida
Diretor Executivo ACeS Baixo Vouga

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