A lógica subjacente ao ranking de escolas – Por Diogo Sousa
O ranking de escolas já existe há duas décadas e nem sempre foi criticado como nos dias de hoje uma vez que, no início do seu desenvolvimento, as escolas públicas estavam equiparadas às escolas privadas.
O ranking resulta de informações fornecidas pelo Ministério da Educação que disponibiliza uma base de dados para o ensino secundário e para o ensino básico, permitindo efetuar uma média de resultados obtidos em exame nacional.
Atualmente, o Ministro da Educação apelida este ranking de “comercial” e mesmo os professores concordam maioritariamente com as críticas à existência de um ranking, contudo, como disse anteriormente, nem sempre foi assim.
A mudança de opinião que ocorreu nos últimos dez/quinze anos resulta, de forma evidente, no facto de as escolas públicas terem desaparecido do topo do ranking nacional, mas o ranking é consequência desse facto e não sua causa.
Concordo totalmente com a afirmação de que existem disparidades entre os alunos do ensino público e do ensino privado, contudo discordo que sejam essas disparidades a explicação do insucesso das escolas públicas no ranking, pois isso significaria desistir da ideia de que a educação é o elevador social que permite às crianças de classe mais desfavorecida projetar uma vida melhor.
Acresce que o ranking de escolas também existe no ensino superior, e numa escala internacional, sendo que aí não ouvimos críticas porque a comparação de universidades acaba por ser uma evidência quando os estudantes não arranjam emprego após a conclusão dos seus estudos.
Assim, acredito que a má fama do ranking de escolas é motivada por críticas governativas e profissionais que servem para esconder uma realidade da opinião pública, a realidade de que o ensino público tem perdido qualidade nos últimos dez/quinze anos.
Para contrariar esta evidência deveríamos aproximar a realidade do público à realidade do privado, no sentido de garantir a estabilidade do corpo docente nas escolas, permitindo criar uma relação de continuidade benéfica ao desenvolvimento do aluno e o seu contínuo acompanhamento pedagógico, mas, também, garantir, por exemplo, que os alunos não ficam sem professor, facto difícil de alcançar nos dias de hoje.
Outro aspeto particularmente importante é a dimensão das turmas onde se verifica uma discrepância negativa para a aprendizagem pois o privado costuma apresentar turmas de menor dimensão do que o público.
Por fim, mais uma causa deste efeito é a desvalorização dos exames nacionais que, sendo fundamentais para possibilitar a comparação entre escolas, e consequente desenvolvimento do ranking, são, também, o único instrumento para uniformizar o acesso ao ensino superior.
Concluindo, o ranking de escolas é considerado um vilão porque apresenta uma realidade negativa para o ensino público, contudo a verdadeira questão que se levanta é o motivo pelo qual a escola pública tem perdido qualidade e o que se pode fazer para inverter essa tendência.
Nesse sentido, podemos avançar com várias propostas, sendo a principal, na minha opinião, garantir que existem professores todo o ano letivo, mas, também, que esses professores podem continuar na escola durante todo o acompanhamento pedagógico do aluno.
Diogo Fernandes Sousa, Professor do Ensino Básico e Secundário