A Falta de Confiança nos Políticos de Carreira – Por Diogo Sousa
Numa época em que a confiança nos políticos está em declínio, é imperativo analisar as razões subjacentes a essa desconfiança generalizada. Este artigo propõe uma reflexão crítica sobre as trapalhadas frequentes, a falta de renovação e os critérios relaxados aquando da seleção dos deputados, como fatores determinantes para a perda de confiança do povo na classe política.
A confiança é construída com base na competência e integridade das pessoas, contudo as trapalhadas constantes dos políticos minam esses alicerces. Desde escândalos de corrupção a decisões incoerentes, a imagem dos políticos tem sido manchada por ações que prejudicam o desenvolvimento do país.
No entanto, a estagnação é, também, um inimigo da vitalidade democrática e, olhando para os eleitos em todas as escalas (nacional e municipal), denota-se uma evidente falta de renovação dos deputados, o que contribui para a criação de um ciclo vicioso, onde as mesmas ideias e abordagens persistem até ao momento em que começam a ser ignoradas pela sua irrelevância.
A renovação que se pretende expressar não é apenas uma questão de idade, mas também de perspetiva. Novas vozes que provêm de uma prática laboral externa à política trazem consigo novas soluções e um entendimento mais concreto das efetivas necessidades do povo.
Por outro lado, temos, também, a qualidade da liderança política nos partidos, onde se constata uma efetiva deterioração que acompanha a imagem dos partidos e das instituições democráticas. Nesse sentido, a reconstrução da confiança nos políticos requer medidas concretas.
Primeiramente, é vital implementar critérios de seleção mais rigorosos, garantindo que os candidatos sejam pessoas externas a uma vida profissional maioritariamente ligada à política e isentas das asneiras cometidas por governações anteriores.
Além disso, a promoção de uma cultura de prestação de contas e transparência é essencial para ajudar a dissipar progressivamente a desconfiança.
Esta promoção da transparência total deve incluir, por exemplo, a divulgação eficiente de decisões políticas, financiamentos de campanhas e relações com grupos económicos para demonstrar maior responsabilidade e honestidade.
Deve, ainda, estabelecer mecanismos robustos de prestação de contas que incluam auditorias externas e, por vezes, até forenses, investigações imparciais sobre alegações de corrupção e punições adequadas para comportamentos antiéticos.
A falta de confiança nos políticos portugueses não é uma questão superficial, mas sim o resultado de trapalhadas persistentes ao longo de várias décadas. O caminho para reconquistar a confiança do povo requer uma abordagem séria na redefinição do perfil dos representantes e na promoção de uma política mais transparente e responsável. A renovação é a chave para um futuro político mais promissor e seguro.
Diogo Fernandes Sousa
Professor do Instituto Politécnico Jean Piaget