Avião Brussard é a nova atracção do Museu do Ar em Maceda
O Pólo do Museu do Ar, instalado no Aeródromo de Manobra n.º 1 de Maceda, dispõe a partir desta semana de mais uma aeronave em exposição, o Broussard.
O Max-Holste M.H. 1521 Broussard era um avião ligeiro de transporte utilitário, cujo protótipo realizou o primeiro voo em 17 de Novembro de 1952.
Os franceses utilizaram os Broussard na luta contra os guerrilheiros argelinos, utilizando um canhão móvel que disparava através da porta traseira, situada no lado esquerdo.
Relatos da época referem o M.H. 1521 Broussard como um avião muito frágil e vulnerável ao fogo das armas ligeiras.
A necessidade de adquirir aviões de transporte ligeiro com capacidade para operar em pistas rudimentares e de pequenas dimensões, levou a Força Aérea Portuguesa (FAP), em 1960, a encomendar cinco aviões Max-Holste M.H. 1521 Broussard, destinando quatro para operações e um para fornecer peças sobressalentes aos restantes.
Foram recebidos em Março e Abril de 1961. Foram atribuídas as matrículas de 3301 a 3304, a que correspondiam o número de construtor de 51C a 54C, respectivamente. O quinto avião não foi matriculado.
Seguiram de imediato para Angola, ficando colocados na Base Aérea N° 9 (BA9), Luanda, onde iniciaram uma actuação que se pode considerar desastrosa. Ainda o ano de 1961 não tinha terminado e já a frota Broussard estava reduzida a uma unidade, devido a acidentes e aterragens forçadas que provocaram danos.
O 3304 foi o único que se manteve intacto. Em breve estava de regresso à Metrópole, colocado no Aeródromo-Base N° 1 (AB1), Lisboa, integrado na Esquadra 82, onde executou missões de ligação.
Os aviões recuperados nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) foram também integrados na Esquadra 82. É provável que um dos Broussard tenha sido colocado na Base Aérea N° 1 (BA1), Sintra, onde teria sido usado em missões de fotografia aérea e lançamento de pára-quedistas civis.
Certo é que o 3301 voltou a África, uma vez que no dia 12 de Outubro de 1963 ficou ligeiramente acidentado na Ilha de Uno, na Guiné. Mais tarde, em 22 de Janeiro de 1968, sofreu outro pequeno acidente no Aeroporto da Portela de Sacavém.
O 3303 sofreu igualmente um acidente ligeiro na Portela, em 14 de Abril de 1967. Em 12 de Fevereiro de 1976, quando um piloto civil fazia a adaptação ao avião, a fim de ser cedido ao Aero Clube de Portugal, um acidente durante a rolagem provocou estragos significativos, pelo que o avião não chegou a ser entregue ao Aero Clube.
Os Max-Holste M.H. 1521 Broussard estavam pintados em alumínio, com o dorso e os estabilizadores verticais em branco, com uma faixa azul a meio e ao longo da fuselagem, formando um gancho na zona posterior ao motor, fora de qualquer esquema de pintura da FAP. As pontas das asas e o topo dos estabilizadores verticais estavam pintados a azul. Ostentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco circunscrito por fino aro em azul, no extra-dorso da asas esquerda, no intradorso da asa direita e nos lados da fuselagem. Os números de matrícula encontravam-se nas asas, alternando com a insígnia, a preto. As cores nacionais, sem escudo, estavam colocadas em forma rectangular nos lados exteriores dos estabilizadores verticais, sobre as quais se encontrava o número de matrícula em pequenos algarismos pretos.
Ainda que o esquema de pintura descrito tenha sido o usual, pelo menos o 3303 foi pintado num esquema invulgar e praticamente desconhecido, em verde-azeitona, com o dorso em branco, conservando a insígnia nas asas e na fuselagem em grandes dimensões. Os números da matrícula estavam pintados a branco.
Os Broussard passaram despercebidos na sua curta existência na FAP. Foram retirados do serviço em 1976. O Museu do Ar é detentor dos números 3301, 3303 e 3304.
Um deles pode ser admirado no o Pólo do Museu do Ar de Ovar, instalado no Aeródromo de Manobra n.º 1 de Maceda, que apresenta um espólio apreciável composto por diversas aeronaves, veículos de apoio diverso e um vasto conjunto de outros equipamentos/materiais relacionados com as mais diversas áreas de operação da Força Aérea Portuguesa. Esta Infra-estrutura encontra-se aberta ao público, sendo um pólo de atração para visitantes das mais diversas nacionalidades, pois os espaços museológicos do Museu do Ar contêm acervos que representam a memória da aviação militar e civil portuguesa.
No Museu, pode admirar-se fotografias, miniaturas, instrumentos, armamento, motores, documentos vários e, no centro, destaque para uma “Piper”, recuperada com invulgar mestria e dedicação pela equipa do museu.