"Livro Sem Ninguém" apresentado no Museu
O Museu de Ovar recebeu, na última quinta-feira, o seu último "Livro Sem Ninguém". A autoria é de Pedro Guilherme-Moreira que se estreou em 2011 com o romance "A Manhã do Mundo", muito bem recebido pela crítica e pelo público.
Nascido no Porto no Verão de 1969, desde cedo se interessou pela arte e pela literatura. Os poemas (que passou a escrever regularmente desde o final da escola primária) levaram-no a ganhar alguns prémios literários na juventude, e os dicionários tornaram-se um vício.
O facto de ter sido vizinho e companheiro de trólei de Torga durante cinco anos marcou-o literária e pessoalmente. Formou-se em Direito na prestigiada Universidade de Coimbra, acabando por se especializar no domínio das tecnologias associadas ao Direito, o que lhe valeu o Prémio Lopes Cardoso em 1998. Em 2012 foi agraciado com o prémio de poesia do Museu Nacional da Imprensa, Livro sem Ninguém, o seu segundo romance, foi finalista do Prémio LeYa em 2012.
O novo livro tem uma rua c hamada do arco-celeste, com sete casas, cada uma de sua cor; e também um café, uma horta, um jardim, uma florista, uma sucata, um infantário e uma escola. Mas, embora lá vivam pessoas – que frequentam o café, trabalham na horta, lêem no jardim, compram flores para oferecer a quem amam, se desembaraçam dos seus podres ou jogam à bola no recreio –, esta história é contada apenas pelas coisas que lhes pertencem à medida que vão mudando de lugar, e por isso se diz que o livro é sem ninguém.
E, ainda assim, durante este ano extraordinário, acontece de tudo na rua: há quem se apaixone e quem se separe, quem nasça, quem morra, quem mate e até quem, depois do trauma, consiga uma vida nova. Mas, como em todas as ruas, havemos de encontrar nesta preconceitos, dúvidas, alegrias, segredos e desgostos. Enquanto isso, o tempo vai passando sem darmos por ele, mas a montra da florista e o que se colhe ou semeia na horta nunca nos deixam perder do mês em que estamos. Num romance profundamente original, a um tempo cru e delicado, poético e realista, Pedro Guilherme-Moreira usa o microcosmos da rua para desenhar o retrato da sociedade contemporânea e abordar temas tão polémicos como a xenofobia, a violência doméstica, a repressão sexual ou o envelhecimento. E – miraculosamente – sem precisar de ninguém.